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Nacionalização de siderúrgica já começou, afirma Chávez
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A CIUDAD GUAYANA
Em suas primeiras declarações sobre a nacionalização da
siderúrgica de capital argentino Sidor, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que
já deu início à transição para
que a empresa volte ao Estado
venezuelano.
"Enviei o ministro de Indústrias Básicas [Rodolfo Sanz] à
região para conversar com os
empresários para começar de
uma vez a transição: a Sidor
volta a ser agora propriedade
da nação venezuelana", disse
Chávez, anteontem à noite, em
cadeia nacional de rádio e TV.
"Eu disse [à empresa] muitíssimas vezes: reconheçam aos
trabalhadores o que é preciso
reconhecer", disse Chávez, em
relação à falta de acordo para
um aumento salarial após 15
meses de negociação, motivo
evocado pelo governo para justificar a nacionalização.
"Essa gente ainda estava pagando aos aposentados da Sidor abaixo do salário mínimo,
violando a Constituição. Não
podemos permitir. Mas não é
só isso, o ferro deveria estar
sendo vendido abaixo do preço,
porque foi o que o convênio [da
privatização, em 1997] estabeleceu", afirmou.
Chávez acusou ainda a empresa argentina de não abastecer o mercado interno: "Eles levam o aço venezuelano ao exterior, e depois o aço volta para cá
convertido em tubos e outros
produtos bem caros".
O anúncio da estatização foi
feito na terça, mas o silêncio de
Chávez alimentou especulações de que ele poderia rever a
decisão. Há um ano, ele já havia
ameaçado nacionalizar a Sidor,
mas desistiu, por causa das gestões do então presidente da Argentina, Néstor Kirchner, próximo ao empresário Paolo Rocca, presidente da Techint, controladora da Sidor.
Ontem, Sanz e a direção da
Sidor se reuniram pelo segundo dia consecutivo para negociar a transferência da maior siderúrgica da região andina e do
Caribe, localizada na região industrial de Ciudad Guayana
(700 km a leste de Caracas).
Na Argentina, a Techint ainda tenta reverter a decisão. Segundo a imprensa daquele país,
o diretor de Assuntos Corporativos do grupo pediu à presidente Cristina Fernández de
Kirchner que "defenda o capital nacional". A presidente não
fez declarações públicas sobre a
nacionalização.
O grupo, segundo o "La Nación", também cogita pedir a
interferência de Luiz Inácio
Lula da Silva, já que a brasileira
Usiminas tem participação minoritária na Sidor.
Expropriação de terras
Fazendeiros e policiais do
Estado de Lara (oeste de Caracas) entraram em confronto
ontem em meio a protestos
contra a ocupação militar de 32
fazendas de cana-de-açúcar na
região sob a alegação de que estão ociosas. No total, 2.400 hectares foram tomados pelo governo Chávez.
Os fazendeiros negam a acusação e, por meio de nota, acusam o governo de tomar uma
medida "confiscatória e intimidatória". A polícia usou gás lacrimogêneo para desbloquear
estrada tomada pelos manifestantes, mas não houve feridos.
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