São Paulo, sábado, 12 de abril de 2008

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Nacionalização de siderúrgica já começou, afirma Chávez

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A CIUDAD GUAYANA

Em suas primeiras declarações sobre a nacionalização da siderúrgica de capital argentino Sidor, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que já deu início à transição para que a empresa volte ao Estado venezuelano.
"Enviei o ministro de Indústrias Básicas [Rodolfo Sanz] à região para conversar com os empresários para começar de uma vez a transição: a Sidor volta a ser agora propriedade da nação venezuelana", disse Chávez, anteontem à noite, em cadeia nacional de rádio e TV.
"Eu disse [à empresa] muitíssimas vezes: reconheçam aos trabalhadores o que é preciso reconhecer", disse Chávez, em relação à falta de acordo para um aumento salarial após 15 meses de negociação, motivo evocado pelo governo para justificar a nacionalização.
"Essa gente ainda estava pagando aos aposentados da Sidor abaixo do salário mínimo, violando a Constituição. Não podemos permitir. Mas não é só isso, o ferro deveria estar sendo vendido abaixo do preço, porque foi o que o convênio [da privatização, em 1997] estabeleceu", afirmou.
Chávez acusou ainda a empresa argentina de não abastecer o mercado interno: "Eles levam o aço venezuelano ao exterior, e depois o aço volta para cá convertido em tubos e outros produtos bem caros".
O anúncio da estatização foi feito na terça, mas o silêncio de Chávez alimentou especulações de que ele poderia rever a decisão. Há um ano, ele já havia ameaçado nacionalizar a Sidor, mas desistiu, por causa das gestões do então presidente da Argentina, Néstor Kirchner, próximo ao empresário Paolo Rocca, presidente da Techint, controladora da Sidor.
Ontem, Sanz e a direção da Sidor se reuniram pelo segundo dia consecutivo para negociar a transferência da maior siderúrgica da região andina e do Caribe, localizada na região industrial de Ciudad Guayana (700 km a leste de Caracas).
Na Argentina, a Techint ainda tenta reverter a decisão. Segundo a imprensa daquele país, o diretor de Assuntos Corporativos do grupo pediu à presidente Cristina Fernández de Kirchner que "defenda o capital nacional". A presidente não fez declarações públicas sobre a nacionalização.
O grupo, segundo o "La Nación", também cogita pedir a interferência de Luiz Inácio Lula da Silva, já que a brasileira Usiminas tem participação minoritária na Sidor.

Expropriação de terras
Fazendeiros e policiais do Estado de Lara (oeste de Caracas) entraram em confronto ontem em meio a protestos contra a ocupação militar de 32 fazendas de cana-de-açúcar na região sob a alegação de que estão ociosas. No total, 2.400 hectares foram tomados pelo governo Chávez.
Os fazendeiros negam a acusação e, por meio de nota, acusam o governo de tomar uma medida "confiscatória e intimidatória". A polícia usou gás lacrimogêneo para desbloquear estrada tomada pelos manifestantes, mas não houve feridos.


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