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Violência libanesa vai para interior
Beirute amanhece tranqüila, mas facções se enfrentam na região do Monte Líbano e em Trípoli
Imobilizada, Liga Árabe se reúne no Cairo e divulga um comunicado em que se limita a pedir cessar-fogo; combates já mataram 49
TARIQ SALEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BEIRUTE
A violência que toma conta
do Líbano desde a última quarta-feira arrefeceu na capital,
que ontem amanheceu tranqüila, mas migrou para as montanhas ao redor de Beirute e para Trípoli, no norte do país.
A grave situação libanesa
-com confrontos entre grupos
pró-governo e milícias lideradas pelos radicais xiitas do Hizbollah- dominou a reunião de
ministros da Liga Árabe, ontem, no Egito. Ao menos 49
pessoas já morreram e outras
164 ficaram feridas em cinco
dias de confrontos sectários.
No sábado, o Exército teve de
agir para acalmar ambos os lados, pedindo que as milícias xiitas deixassem as ruas, e, ao
mesmo tempo, revogando duas
ordens do governo que haviam
irritado o Hizbollah e servido
de estopim aos confrontos: a
demissão do chefe de segurança do aeroporto, ligado ao grupo, e o corte de uma rede de comunicação que faz parte do sistema militar da milícia. Satisfeito e fortalecido, o Hizbollah
acatou o pedido.
Mas a tensão contamina outras partes do país. No Monte
Líbano, ao leste de Beirute, partidários do líder druso pró-governo Walid Jumblatt e milicianos do Hizbollah entraram
em combates pesados, exigindo
nova intervenção do Exército.
Os confrontos aconteciam
em pelo menos seis cidades na
região de Aley, com o Hizbollah
usando fogo de morteiros contra as posições drusas.
Jumblatt chegou a negociar
um cessar-fogo sob a condição
de que seus seguidores somente entregassem suas armas ao
Exército. No entanto, a trégua
não foi cumprida por nenhuma
das partes, e os combates prosseguiram pela noite.
Jumblatt é o líder da comunidade drusa, grupo religioso que
tem sua origem no islã, mas que
mescla ritos de outras religiões.
Eles se consideram muçulmanos, mas boa parte dos sunitas e
xiitas não concorda. Os drusos
são uma das minorias no Líbano, com uma população de,
aproximadamente, 350 mil
pessoas (o país tem cerca de 4
milhões de habitantes).
Em Trípoli, a segunda maior
cidade libanesa, no norte do
país, também foram registrados confrontos, que começaram na noite de sábado e continuaram durante o domingo.
Simpatizantes do líder sunita
Saad Hariri e milicianos do partido Nacionalista Social Sírio,
aliados do Hizbollah, se enfrentaram com fuzis e granadas. O
Exército ocupou diversas áreas
com blindados para conter as
facções, mas os confrontos recomeçaram no final da tarde.
Partidários de Hariri saíram
às ruas em algumas cidades do
país para mostrar seu apoio e
repudiar as ações da oposição,
que exige a substituição do governo do premiê Fuad Siniora,
sunita, e novas leis eleitorais.
Em Beirute, jornalistas fizeram na tarde de domingo um
protesto em repúdio à destruição dos prédios de rádio, televisão e jornal ligados ao movimento Al Mustaqbal, de Hariri.
Êxodo
Milhares de pessoas, entre
estrangeiros e libaneses, continuam fugindo para a vizinha Síria. Enquanto isso, o Exército
libanês reforçou sua presença
em Beirute, depois que o Hizbollah desocupou o oeste da cidade no sábado.
O aeroporto, sem vôos desde
o início dos conflitos, e a fronteira leste com a Síria continuam com seus acessos bloqueados pela oposição.
Liga Árabe
No Cairo, os ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe
se reuniram para discutir a crise libanesa -boicotada pelo
chanceler da Síria, país que
apóia o Hizbollah.
Os governos árabes, liderados pelo Egito, apresentaram
uma resolução em que condenavam o Hizbollah pela violência no Líbano, mas a medida sofreu oposição por parte de alguns governos.
A Liga Árabe divulgou um comunicado em que pediu um
cessar-fogo urgente no Líbano
e que as duas partes encontrassem o caminho do diálogo.
Em Beirute, o premiê Siniora
e membros de seu gabinete fizeram um minuto de silêncio
pelas vítimas da violência.
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