São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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Fortalecimento do Hizbollah preocupa governo israelense

DO ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM

O fortalecimento do Hizbollah preocupa Israel, que teme ver os guerrilheiros do grupo de volta à sua fronteira -o que anularia uma das poucas conquistas do Exército israelense na Guerra do Líbano.
Depois de 33 dias de combates em meados de 2006, Israel retirou-se do sul do Líbano sob a condição de que o Hizbollah passasse o controle da região às forças da ONU (Unifil) e ao Exército libanês.
Ninguém nos serviços de inteligência israelense duvida de que o Hizbollah se recuperou totalmente dos pesados bombardeios sofridos em 2006. Mais que isso: a estimativa é de que o grupo triplicou seu arsenal de mísseis desde então.
Até hoje o Hizbollah não desrespeitou a Resolução 1.701 da ONU, que pôs fim à guerra de 2006 ao determinar o afastamento dos militantes xiitas da fronteira com Israel. Mas analistas acham que seu fortalecimento militar e o avanço político dos últimos dias podem ser uma tentação para o líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah.
"Diante de um Exército libanês fraco e uma Unifil hesitante, Nasrallah pode querer voltar à fronteira", aposta o analista do jornal "Haaretz" Amos Harel. "Para Israel, preocupado com a investigação do premiê e aparentemente se preparando para eleições, isso poderá ser um sério desafio, num momento nada apropriado."
O premiê Ehud Olmert, que está sendo investigado por suspeita de ter recebido doações ilegais de campanha, não comentou a escalada de violência no país vizinho. Mas fontes do governo manifestaram preocupação com a situação libanesa.
A guerra civil no Líbano (1975-1990) teve ampla participação de Israel a partir de 1982, quando seu Exercito invadiu o país para conter os ataques de militantes da OLP (Organização para a Libertação da Palestina). Israel ocupou o sul do Líbano até 2000, quando se retirou unilateralmente.
"Tudo o que acontece no Líbano tem repercussão em Israel", diz o analista militar Uzi Eilam, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade de Tel Aviv. Ainda assim, ele não prevê uma escalada imediata entre os dois países como resultado da crise. "O objetivo do Hizbollah no momento parece ser aumentar seu poder interno, não desafiar Israel." (MN)


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