São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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Polarização na política afeta até vida familiar

DO ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

Apesar de representarem de 20% a 30% da população, segundo as pesquisas de opinião, os indecisos venezuelanos praticamente desapareceram do polarizado cenário político venezuelano e se transformaram numa "minoria" muitas vezes acusada de apática e irresponsável.
Mas, há um ano, intelectuais fundaram um grupo para defender os direitos dos indecisos e tentar diminuir a radicalização do país.
"A polarização fez tudo parecer branco ou preto neste país", afirma a professora de psicologia da Universidade Central da Venezuela Mireya Lozada, coordenadora da organização Aqui Cabemos Todos.
Uma das principais preocupações do grupo é o aumento da violência familiar por causa da polarização e da carga emotiva. As diferenças ideológicas não se resumem à classe social.
"Houve um caso de uma idosa chavista que, durante uma reunião, chorou ao contar que não via seus netos havia três meses porque sua filha, oposicionista, não permitia", disse Lozada.
Um fenômeno recente é o aumento de separações conjugais devido a posições políticas distintas. Ontem, um jornal venezuelano registrou nove casos do tipo apenas numa cidade do interior.
Como psicóloga social, Lozada atuou em escolas de Caracas onde alunos de um dos lados impediam que os "adversários políticos" assistissem às aulas.
Segundo ela, até mesmo as máquinas de votação que serão usadas no plebiscito de domingo estão polarizadas -não é possível anular o voto ou deixá-lo em branco, pois as opções são apenas pelo "sim" (oposição) ou "não" (chavista). FM


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