São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Tumulto financeiro gera comparação com 2008; a diferença nem sempre é positiva

NELSON D. SCHWARTZ
DO "NEW YORK TIMES"

A situação parece fantasmagoricamente familiar. A economia se desacelera. Os políticos têm pressa na busca de soluções, mas desacordos resultam em impasse.
Americanos se perguntam se estamos a caminho de uma repetição da crise de 2008. A resposta é tema de feroz debate entre especialistas.
Muitos dizem que os riscos são menores hoje -ao menos os imediatos-, porque o sistema financeiro está mais saudável e há menos problemas ocultos. Mas acrescentam que há motivos para preocupação e não descartam queda acelerada caso os políticos nos EUA e na Europa não acalmem os investidores.
O problema, como há três anos, é excesso de dívidas e dificuldades para pagá-las -mas agora governos, não pessoas físicas, são devedores.
Ao contrário da crise de 2008, iniciada nos EUA e espalhada pelo mundo após a quebra do Lehman Brothers em meio à alta da inadimplência nas hipotecas, a situação atual surgiu no exterior.
Bancos de toda a Europa detêm muitos títulos de Grécia, Irlanda, Portugal, Itália e Espanha, e a preocupação com um possível calote cresce. Como eles fazem transações diárias de bilhões de dólares com bancos nos EUA, o medo de contágio se espalha.
Em companhia desse medo, assim como em 2008, os meses que precederam a atual situação viram certa dose de otimismo infundado, e os mercados de ações apresentam grandes oscilações.
Há diferenças importantes. Os bancos dos EUA têm capital um terço maior que em 2007 e diminuíram o risco em suas transações. Além disso, consumidores e empresas reduziram as suas dívidas.
Nem todas as diferenças são positivas, porém. Ao contrário do ocorrido em 2008, quando as autoridades agiram com rapidez, as divisões políticas em Washington tornam muito mais difícil uma medida audaciosa como um novo pacote de estímulo. O Fed também tem menos ferramentas. Os juros já caíram a quase zero, e injeções de liquidez de mais de US$ 2 trilhões não levaram à restauração plena do crescimento.
Na Europa, os líderes políticos estão tão divididos quanto seus colegas nos EUA. "Ainda não vimos as autoridades econômicas proporem um plano abrangente", diz Philip Finch, do UBS. "Precisamos que a confiança seja restaurada, e a única coisa que vemos são disputas."

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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