São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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"Arapongas" vão monitorar Brasil

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

As Forças Armadas e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) vão monitorar possíveis reflexos no país do ataque terrorista ocorrido nos Estados Unidos.
Ontem, o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, reuniu-se com os comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em Brasília, para pedir que seus respectivos centros de informação produzam relatórios sobre qualquer assunto relacionado com o atentado.
A Abin, ligada ao Gabinete de Segurança Institucional, também foi acionada para acompanhar eventuais grupos suspeitos.
Teme-se uma onda de ataques no Brasil e em outros países, em represália ao ato terrorista.
Ontem, as Embaixadas americana e israelense, em Brasília, tiveram a segurança reforçada por policiais federais. O mesmo aconteceu em outras capitais do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde há consulados.
Em nota oficial, o ministro Quintão lamentou as mortes no atentado terrorista e disse que ""os países, com certeza, terão de rever seus sistemas de defesa".
No início da tarde, o comando da Aeronáutica determinou que houvesse mais rigor na fiscalização do embarque de passageiros, em todos os aeroportos do país, e que o controle por radar do espaço aéreo fosse intensificado.
Outra medida foi a liberação das pistas de pouso de vôos nacionais para aeronaves de rotas internacionais que não puderam descer nos EUA. Até o fim do dia, a Aeronáutica não havia divulgado quantos aviões se utilizaram dos aeroportos brasileiros.

Contenção
No meio da tarde de ontem, começou a se desenhar em São Paulo um plano de proteção a consulados e entidades, tidos na capital paulista como prováveis alvos de terroristas, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública.
Policiais militares e civis foram mobilizados para vigiar esses pontos por tempo indeterminado. O efetivo, no entanto, não foi divulgado pelo governo. O patrulhamento da região daria prioridade a pontos estratégicos.
""Não temos histórico de atentados no país, mas também não podemos negligenciar o risco", afirmou ontem o tenente-coronel Renato Penteado Perrenoud, porta-voz da PM paulista, ao explicar que o plano de contingência pode crescer dependendo das ocorrências que aparecerem. Até o início da noite, a polícia não tinha registrado nenhum incidente.
Houve aumento de efetivo policial perto do Consulado americano e israelense, do Clube Hebraica, no Jardim Europa, do Círculo Macabi, e perto dos aeroportos de Congonhas, na capital, e de Guarulhos (Grande São Paulo).

Imigrantes
Os imigrantes legais representam cerca de 5% da população do município de São Paulo, segundo a Polícia Federal. São 520 mil.
Americanos e israelenses, os que estão recebendo proteção, somam 20 mil pessoas na capital, sem contar descendentes que se fixaram no país há anos.
Levantamento da Polícia Federal mostra que a comunidade americana forma o sexto maior ""gueto" de estrangeiros em São Paulo, no Jardim Paulista. Os israelenses estão em Higienópolis.
Logo que as imagens do atentado passaram na TV, o Consulado americano, no Jardim Paulista, e o Citibank, na avenida Paulista, fecharam. A PM coordenou o trânsito ali, durante a desocupação.

Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online


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