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Crianças de Nova York enfrentam clima de guerra após o atentado
DA REPORTAGEM LOCAL
A estudante Samantha Soichet,
14, estava a duas quadras do
World Trade Center, na escola
Leadership and Public Service, no
momento da primeira explosão.
"Era cedo, havia apenas dez minutos que a aula havia sido iniciada, quando ouvimos o barulho da
explosão. Olhei pela janela e vi o
prédio do World Trade Center em
chamas. A luz da nossa escola foi
cortada, e a maioria dos alunos
começou a gritar. Parecia uma
guerra", diz Samantha, que falou
à Folha ontem, por telefone.
Segundo ela, as crianças mais
jovens estavam completamente
perdidas, e os professores não sabiam direito o que fazer. Todos
acabaram correndo para a rua, de
forma desordenada.
"Na rua, havia pessoas por todos os lados correndo e gritando.
Elas tiravam suas blusas e as colocavam sobre o rosto para poder
respirar. Havia papéis queimados
caindo pelo ar. A minha roupa ficou completamente preta. Das janelas do prédio, pessoas se jogavam de uma altura que não dava
para acreditar. Havia fumaça por
todos os lugares."
Samantha e cerca de 20 colegas
saíram correndo em direção à
baía. "Foi quando houve a segunda explosão. Demorou cerca de 40
minutos até que eu conseguisse
chegar na casa de uma amiga, a 20
quadras do local."
Joshua Reich, 30, executivo de
Recursos Humanos e vizinho do
World Trade Center estava em casa se preparando para ir ao trabalho quando ouviu a explosão. "No
primeiro olhar me pareceu uma
bomba de fogo", diz ele. A mulher
dele, Michelle, chegou a ver pessoas se atirando do prédio em
chamas. Joshua, muito abalado,
falou à Folha por telefone muito
rapidamente.
"Eles estão em choque", explicou Ivan Kraiser, amigo do casal,
que é dono da casa para onde eles
foram após o atentado. Quase cinco horas depois do acidente, Joshua e Michelle ainda estavam
com roupas sujas de fuligem. Battery Park, onde eles moram, ficou
completamente encoberto pela
fumaça e foi interditado.
O roteirista de cinema Adam
Sinykin, 40, estava dormindo
quando houve a primeira explosão, mas foi acordado pelo amigo
com que divide o apartamento
em Chinatown. "Vimos da janela
da sala o segundo avião batendo
na torre. Ficamos mudos por alguns minutos. Não dava para entender o que acontecia".
Sinykin diz que, quando saiu à
rua, viu dezenas, "talvez centenas", de pessoas cobertas de poeira, atônitas, caminhando para
longe do centro da cidade. "Estavam todos chocados, desorientados. O metrô não estava funcionando, havia poucos veículos particulares transitando, mas muitas
ambulâncias e carros da polícia."
Para o roterista, o World Trade
Center faz parte do imaginário
dos nova-iorquinos. "Quando
imaginamos nossa cidade, pensamos nas torres gêmeas. Acho que
o fato de elas não existirem mais
contribui para abalar psicologicamente as pessoas."
(JULIA DUAILIBI, MARIA BRANT E GABRIELA ATHIAS)
Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online
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