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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Cristãos e muçulmanos moram em locais diferentes em Beirute, que teve arquitetura do pré-guerra refeita

Líbano se reconstrói, mas suas divisões religiosas persistem

NO LÍBANO

A história de Beirute pode ser dividida em três fases ao longo das últimas décadas: a época em que era considerada a "Paris do Oriente Médio", a da destruição da guerra e a da reconstrução.
Beirute já está longe do posto de capital mundial da guerra e da destruição que possuía nos anos 70 e 80, quando o conflito civil (1975-90) arrasou o centro da cidade. Não dá para comparar hoje Beirute com Bagdá ou Cabul.
Não se vê mais destruição. O centro da cidade foi reconstruído, com base no projeto Solidere, de responsabilidade do milionário premiê Rafik Hariri. Uma região que se havia transformado em uma cidade-fantasma durante a guerra agora reúne uma série de restaurantes e de lojas internacionais. E tudo exatamente com a mesma arquitetura do período anterior à guerra. Pelas ruas, um grande número de bancos e de hotéis reabriu suas portas.
Os calçadões da cidade ficam lotados. Neles, mulheres muçulmanas com o rosto coberto andam ao lado de homens de camiseta regata com o crucifixo à mostra. Porém as divisões religiosas ainda existem. Mesmo os muçulmanos e cristãos mais ricos preferem viver em bairros separados.
Os cristãos moram em Ashrafyieh, um bairro elegante da cidade, onde se localizam muitas das casas noturnas e dos apartamentos mais caros de Beirute. Outros residem em Jounieh, ao norte da capital. Nessa cidade, estão o cassino do Líbano e a estátua de Nossa Senhora Harissa, padroeira dos libaneses, no alto da montanha.
Os muçulmanos preferem a região de Verdun, que demonstra bem como os islâmicos têm enriquecido no país. Os prédios de apartamentos mais modernos estão nessa área, na costa da capital.
Apesar da reconstrução, Beirute ainda não recuperou o glamour de antes da guerra. Está longe de reeditar a "Paris do Oriente Médio". E perdeu para Dubai (Emirados Árabes Unidos) o status de centro financeiro árabe.
As divisões também persistem no resto do país. Ao norte de Beirute e nos montes do Líbano, a maioria é cristã. É difícil ver uma mesquita. O sul é muçulmano. No extremo norte, em Trípoli, e no vale do Becaa, a presença síria é bem mais visível do que no resto do país. A Síria controla politicamente o Líbano e mantém uma presença militar de cerca de 20 mil soldados. (GUSTAVO CHACRA)

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