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ORIENTE MÉDIO
Cristãos e muçulmanos moram em locais diferentes em Beirute, que teve arquitetura do pré-guerra refeita
Líbano se reconstrói, mas suas divisões religiosas persistem
NO LÍBANO
A história de Beirute pode ser
dividida em três fases ao longo
das últimas décadas: a época em
que era considerada a "Paris do
Oriente Médio", a da destruição
da guerra e a da reconstrução.
Beirute já está longe do posto de
capital mundial da guerra e da
destruição que possuía nos anos
70 e 80, quando o conflito civil
(1975-90) arrasou o centro da cidade. Não dá para comparar hoje
Beirute com Bagdá ou Cabul.
Não se vê mais destruição. O
centro da cidade foi reconstruído,
com base no projeto Solidere, de
responsabilidade do milionário
premiê Rafik Hariri. Uma região
que se havia transformado em
uma cidade-fantasma durante a
guerra agora reúne uma série de
restaurantes e de lojas internacionais. E tudo exatamente com a
mesma arquitetura do período
anterior à guerra. Pelas ruas, um
grande número de bancos e de
hotéis reabriu suas portas.
Os calçadões da cidade ficam lotados. Neles, mulheres muçulmanas com o rosto coberto andam
ao lado de homens de camiseta
regata com o crucifixo à mostra.
Porém as divisões religiosas ainda
existem. Mesmo os muçulmanos
e cristãos mais ricos preferem viver em bairros separados.
Os cristãos moram em Ashrafyieh, um bairro elegante da cidade, onde se localizam muitas das
casas noturnas e dos apartamentos mais caros de Beirute. Outros
residem em Jounieh, ao norte da
capital. Nessa cidade, estão o cassino do Líbano e a estátua de Nossa Senhora Harissa, padroeira dos
libaneses, no alto da montanha.
Os muçulmanos preferem a região de Verdun, que demonstra
bem como os islâmicos têm enriquecido no país. Os prédios de
apartamentos mais modernos estão nessa área, na costa da capital.
Apesar da reconstrução, Beirute
ainda não recuperou o glamour
de antes da guerra. Está longe de
reeditar a "Paris do Oriente Médio". E perdeu para Dubai (Emirados Árabes Unidos) o status de
centro financeiro árabe.
As divisões também persistem
no resto do país. Ao norte de Beirute e nos montes do Líbano, a
maioria é cristã. É difícil ver uma
mesquita. O sul é muçulmano. No
extremo norte, em Trípoli, e no
vale do Becaa, a presença síria é
bem mais visível do que no resto
do país. A Síria controla politicamente o Líbano e mantém uma
presença militar de cerca de 20
mil soldados.
(GUSTAVO CHACRA)
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