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análise
História optou por ignorar o massacre
ROBERT FISK
DO "INDEPENDENT"
A história do primeiro Holocausto do século passado
-Winston Churchill empregou exatamente essa palavra
- é fartamente conhecida,
apesar da recusa da Turquia
moderna em admitir os fatos. O paralelo com a perseguição movida pela Alemanha nazista contra os judeus
não é injustificado.
O reinado de terror imposto pela Turquia foi uma tentativa de destruir a população armênia. Enquanto os
turcos falavam em público
da necessidade de "reassentar" essa população -como
falariam mais tarde os nazistas sobre os judeus na Europa-, as verdadeiras intenções de uma comissão criada
por Enver Pasha em Constantinopla eram claras.
Em 15 de setembro de
1915, Talaat Pasha, ministro
do Interior turco, telegrafou
uma ordem a seu prefeito em
Aleppo sobre o que deveria
fazer com as dezenas de milhares de armênios que viviam na cidade. "O senhor já
foi informado de que o governo decidiu destruir completamente essas pessoas."
São palavras quase idênticas às de Himmler aos matadores da SS em 1941.
Taner Akcam, destacado
acadêmico turco, usou documentos turcos otomanos para confirmar o ato do genocídio. Ele está agora sob ataque
acirrado de seu governo.
A tentativa da Turquia
otomana de exterminar toda
uma população cristã no
Oriente Médio é uma história de horror de policiais, soldados e tribos curdas.
Em 1915, a Turquia alegou
que sua população armênia
estava dando apoio aos seus
inimigos cristãos na Grã-Bretanha, França e Rússia.
Acadêmicos armênios
compilaram um mapa da
perseguição e deportação de
seu povo, documento tão detalhado quanto os mapas da
Europa que mostram os trajetos ferroviários a Auschwitz e Treblinka. Os armênios de Erzerum, por exemplo, foram enviados numa
marcha de morte até Terjan,
e, de lá, para Erzinjan e para a
Província de Sivas.
Os homens eram executados por pelotões de fuzilamento ou seriam mortos a
machadadas na periferia de
seus povoados. Em seguida,
as mulheres e crianças eram
conduzidas até o deserto para ali morrerem de sede,
doenças, exaustão ou sofrerem estupros coletivos. Na
vala comum que eu próprio
descobri numa encosta de
morro em Hurgada, na atual
Síria, havia milhares de esqueletos. Uma armênia de
100 anos que escapara do
massacre identificou a colina
para mim.
A questão hoje é a razão de
os armênios da diáspora se
preocuparem mais com o genocídio do que os cidadãos
da Armênia moderna.
Tradução de CLARA ALLAIN
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