São Paulo, segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Italianos apoiam veto à imunidade de premiê

Segundo pesquisas, maioria concorda com decisão do Tribunal Constitucional de derrubar lei que privilegiava Berlusconi

Reação do líder conservador contra veto à medida é vista como exagerada, mas só um quarto dos ouvidos quer eleições antecipadas


DA REDAÇÃO

A maioria dos italianos apoia a decisão desta semana do Tribunal Constitucional de considerar inconstitucional lei que guarnecia com imunidade judicial o premiê Silvio Berlusconi, segundo duas pesquisas divulgadas pela imprensa do país.
A anulação da lei pela corte, na quarta, foi considerada o pior revés do atual mandato de Berlusconi, que chefia o governo da Itália pela terceira vez. Sua criação fora uma das primeiras medidas do premiê após assumir, em maio de 2008.
De acordo com a sondagem do IPR, publicada pela agência de notícias Ansa, 59% dos italianos concordam com a decisão. Dois terços consideram a corte imparcial, maneira como também veem 72% dos ouvidos o presidente Giorgio Napolitano, e 60% acham que o premiê exagerou nas críticas a ambos.
Depois do anúncio da decisão que considerou a lei de imunidade inconstitucional por ferir o princípio da igualdade perante a lei, Berlusconi acusou Napolitano, magistrados do Tribunal Constitucional e "72% da imprensa" de esquerdistas.
Já pesquisa do Ispo, divulgada pelo jornal italiano "Corriere della Sera", apontou 72% de discordância com a imunidade.
A decisão da corte pode levar à reabertura de casos contra o premiê engavetados justamente pela lei, que previa imunidade ainda ao presidente da República e aos presidentes do Senado e Câmara dos Deputados.
Pesam contra o premiê italiano acusações de suborno a senadores para que se integrassem à sua campanha na eleição do ano passado e a um advogado inglês para sumir com documentos financeiros suspeitos.
Berlusconi é suspeito ainda de envolvimento em fraude e corrupção envolvendo o seu conglomerado empresarial. Há uma semana, o líder direitista foi considerado corresponsável em um caso de suborno a um juiz em disputa envolvendo uma das empresas em 1991.
A despeito da oposição popular à imunidade, parlamentares governistas articulam nova lei prevendo a salvaguarda jurídica, mas agora estendida a todos os membros do Parlamento.
A pesquisa do instituto IPR indica, porém, que apenas um quarto dos italianos é a favor da renúncia de Berlusconi e, consequentemente, da convocação de novas eleições legislativas. O mandato do premiê tem fim previsto para 2013.
Na última sexta, o conservador voltou a descartar a possibilidade de encurtar o seu mandato devido a um possível enfraquecimento político em decorrência do desengavetamento dos processos contra ele. Na ocasião, Berlusconi afirmou ser "o melhor premiê" para a Itália.
A possibilidade da renúncia é também descartada pela maioria dos aliados do líder e mesmo por grande parte da oposição, atualmente fragmentada e com poucas chances de retomar o controle do país em uma eventual eleição neste momento.
Apesar do revés, a popularidade do premiê continua em pouco menos de 50%, um índice que, embora baixo para o histórico do político no cargo, já havia sido alcançado depois dos escândalos sexuais recentes envolvendo o seu nome.

"Espírito anti-italiano"
Ontem, Berlusconi voltou a disparar contra a imprensa estrangeira, com a qual intensificara os atritos desde a cobertura dos escândalos sexuais.
"Existe um espírito anti-italiano. Alguns diários estrangeiros, adestrados pela imprensa italiana, fazem acusações ridículas, jogando na lama não só o presidente do Conselho de Ministros [premiê] como nossa democracia e nosso país", disse Berlusconi, reclamando ainda de consequências econômicas.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Pleito sob golpistas é "pôr lobo para cuidar de ovelhas", diz hondurenho
Próximo Texto: Diplomata da ONU vê "fraude generalizada" nas eleições afegãs
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.