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Operação torna-se mina de ouro para presidente chileno
Sebastián Piñera utiliza operação de salvamento como
uma chance de unir politicamente o país em torno de si
Governo banca os custos
do resgate, que incluiu
até a contratação de
estrangeiros, mas não
revela ainda o montante
DA ENVIADA A COPIAPÓ
Nunca a viagem de um
presidente da República foi
acompanhada com tanta
atenção como a que Sebastián Piñera realizava ao
Equador no dia de ontem.
No acampamento Esperanza, todo decorado com
bandeiras nacionais chilenas, havia uma certeza: o resgate não se iniciaria sem a
presença de Piñera.
"Ele não perderá esse momento por nada neste mundo", disse Marta Flores Duhalde, da Cruz Vermelha, trabalhando no apoio emocional às famílias dos homens
soterrados.
O presidente fez da operação de salvamento na mina
San José ponto de honra de
seu governo.
Em suas palavras, "o resgate será um verdadeiro renascimento não só dos 33 mineiros mas também para o
espírito de unidade, força, fé
e esperança" do Chile.
Já no momento em que se
descobriu que os mineiros
estavam vivos, Piñera fez um
discurso inflamado, identificando o Chile, recém-assolado pela tragédia do terremoto do início do ano, aos mineiros enfrentando a tragédia do desabamento.
Transformou o salvamento dos homens sob a terra em
uma metáfora do próprio
Chile, que também poderia
ser salvo. O governo Piñera, é
claro, seria o condutor de
ambos os salvamentos.
"Chi-chi-chi, le-le-le, viva
Chile, mierda!", gritou o presidente, ao finalizar um discurso inflamado em homenagem aos mineiros, quando
afinal se soube que eles ainda estavam vivos, no dia 22
de agosto. Piñera surpreendeu até seus aliados.
No governo, não se informa a quanto montam os custos da operação de salvamento, que implicaram trazer dos EUA e do Canadá
equipamentos e pessoal especializado em perfuração.
É gente que atuou anteriormente no Afeganistão e
em prospecção de petróleo.
Segundo a assessoria de
imprensa, só depois do fim
dos trabalhos se divulgarão
os custos.
O dirigente da Codelco, a
gigante estatal do cobre chileno, Gerardo Jofré, disse ao
jornal "El Mercurio" que tem
todos os gastos planilhados,
mas que quem poderá divulgar os números é o governo.
Eleito em 17 de janeiro ao
derrotar o candidato situacionista Eduardo Frei, o milionário Piñera, representante de uma coalizão de centro-direita, tinha a perspectiva
de governar um país dividido. Unificá-lo era o seu principal desafio.
PATRIOTISMO
O clima patriótico do
acampamento Esperanza,
quando está para ser feito o
resgate, se espalha pelo país
por meio dos canais de TV.
E tudo o que se vê são pessoas cantando a plenos pulmões o hino nacional, imagens subterrâneas dos 33 mineiros, Piñera discursando e
Laurence Golborne, o ministro da Mineração, transformado em líder supremo dos
trabalhos de resgate.
A oposição desapareceu.
A não ser pelas visitas discretas da senadora Isabel
Allende, filha do trágico presidente socialista Salvador
Allende (1969-1973), e do deputado comunista Lautaro
Carmona, é quase nula a presença da oposição ao presidente Piñera no drama que
mobiliza o país.
Fora da sala de imprensa,
de novo, vem o grito "Chi-chi-chi, le-le-le, los mineros
de Chile!"
Também deve acompanhar o resgate o presidente
boliviano, Evo Morales.
(LAURA CAPRIGLIONE)
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