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Para China, Nobel é plano para contê-la
Principal veículo do regime comunista afirma em editorial que Liu Xiaobo é "criminoso que violou lei chinesa"
Pequim cancela reunião com ministra da Pesca da Noruega e impede diplomatas de visitarem mulher do premiado
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O jornal "China Daily", um
dos principais veículos de comunicação do regime comunista, publicou em editorial o
que define ser "um conluio
do Ocidente para conter o
crescimento da China".
As palavras são uma reação à entrega do Prêmio Nobel da Paz deste ano ao dissidente chinês Liu Xiaobo, personagem definido, no editorial, como "criminoso por ter
violado a lei chinesa".
O texto relembra a escolha
do dalai-lama, líder espiritual do budismo tibetano,
para o mesmo prêmio em
1989 e afirma que agora, como no passado, o Ocidente
está "tentando interferir nos
assuntos domésticos".
Liu foi preso em dezembro
de 2008, dias antes da divulgação da Carta 08, assinada
por 303 ativistas que defendiam reformas democráticas,
incluindo o fim do monopólio do Partido Comunista.
Em dezembro de 2009, o
professor de literatura foi
sentenciado a 11 anos de prisão por "atuar para subverter
o governo", a pena mais alta
aplicada a um dissidente nos
últimos anos.
A resposta de Pequim ao
prêmio -anunciado sexta-feira- tem sido dura.
A Chancelaria chinesa
classificou o prêmio de uma
"obscenidade" e responsabilizou o governo da Noruega,
apesar de Oslo não ter participação na escolha dos premiados anunciados pelo comitê do Nobel.
TV, internet e sistemas de
envio de mensagens por celulares foram bloqueados para impedir a propagação da
notícia.
O "Global Times", outro
jornal sob controle estatal,
adotou o mesmo discurso do
"China Daily". A nomeação
significa, de acordo com o
veículo, "um medo extraordinário do Ocidente sobre a
ascensão chinesa".
Se as pretensões do vencedor do Nobel fossem atendidas, o diário afirma que o
"destino da China talvez não
teria sido melhor que o da
União Soviética e o da Iugoslávia, o que significa que o
país teria provavelmente entrado em colapso".
RETALIAÇÕES
Ontem, funcionários do
governo norueguês disseram
que a ministra da Pesca, Lisbeth Berg-Hansen, foi informada em Xangai que não
mais se reuniria com seus colegas chineses.
Analistas disseram acreditar que mais reações como
esta devem continuar ocorrendo.
"Por um período indefinido, a China irá congelar missões e visitas políticas e possivelmente delegações de comércio", disse à agência Reuters Jan Egeland, diretor do
Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais.
Além do cancelamento da
reunião, diplomatas da
União Europeia, Austrália e
Suíça foram impedidos ontem por oficiais chineses de
visitar a mulher do vencedor,
Liu Xia, que teve o telefone
cortado.
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