São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2010

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Para China, Nobel é plano para contê-la

Principal veículo do regime comunista afirma em editorial que Liu Xiaobo é "criminoso que violou lei chinesa"

Pequim cancela reunião com ministra da Pesca da Noruega e impede diplomatas de visitarem mulher do premiado

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O jornal "China Daily", um dos principais veículos de comunicação do regime comunista, publicou em editorial o que define ser "um conluio do Ocidente para conter o crescimento da China".
As palavras são uma reação à entrega do Prêmio Nobel da Paz deste ano ao dissidente chinês Liu Xiaobo, personagem definido, no editorial, como "criminoso por ter violado a lei chinesa".
O texto relembra a escolha do dalai-lama, líder espiritual do budismo tibetano, para o mesmo prêmio em 1989 e afirma que agora, como no passado, o Ocidente está "tentando interferir nos assuntos domésticos".
Liu foi preso em dezembro de 2008, dias antes da divulgação da Carta 08, assinada por 303 ativistas que defendiam reformas democráticas, incluindo o fim do monopólio do Partido Comunista.
Em dezembro de 2009, o professor de literatura foi sentenciado a 11 anos de prisão por "atuar para subverter o governo", a pena mais alta aplicada a um dissidente nos últimos anos.
A resposta de Pequim ao prêmio -anunciado sexta-feira- tem sido dura.
A Chancelaria chinesa classificou o prêmio de uma "obscenidade" e responsabilizou o governo da Noruega, apesar de Oslo não ter participação na escolha dos premiados anunciados pelo comitê do Nobel.
TV, internet e sistemas de envio de mensagens por celulares foram bloqueados para impedir a propagação da notícia.
O "Global Times", outro jornal sob controle estatal, adotou o mesmo discurso do "China Daily". A nomeação significa, de acordo com o veículo, "um medo extraordinário do Ocidente sobre a ascensão chinesa".
Se as pretensões do vencedor do Nobel fossem atendidas, o diário afirma que o "destino da China talvez não teria sido melhor que o da União Soviética e o da Iugoslávia, o que significa que o país teria provavelmente entrado em colapso".

RETALIAÇÕES
Ontem, funcionários do governo norueguês disseram que a ministra da Pesca, Lisbeth Berg-Hansen, foi informada em Xangai que não mais se reuniria com seus colegas chineses.
Analistas disseram acreditar que mais reações como esta devem continuar ocorrendo.
"Por um período indefinido, a China irá congelar missões e visitas políticas e possivelmente delegações de comércio", disse à agência Reuters Jan Egeland, diretor do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais.
Além do cancelamento da reunião, diplomatas da União Europeia, Austrália e Suíça foram impedidos ontem por oficiais chineses de visitar a mulher do vencedor, Liu Xia, que teve o telefone cortado.


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