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"O Chile não pode esquecer", afirma Bachelet
DA REDAÇÃO
Em sua primeira manifestação ontem sobre a morte do ditador Augusto Pinochet, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, chamou os chilenos a
não esquecer o passado e a continuar buscando justiça pelos
crimes de direitos humanos cometidos na ditadura (1973-90).
Bachelet esteve presa com
sua mãe em um dos principais
centros de detenção clandestinos da ditadura em Santiago,
Villa Grimaldi. Seu pai, um general da Força Aérea, morreu
torturado pelos militares.
"Tenho memória, acredito
na verdade, aspiro à justiça e tenho a profunda convicção e a
vontade para superar a adversidade, os momentos amargos e
injustos e entender que, a
exemplo dos ciclos pessoais,
também nos ciclos da história
de uma nação se abrem novos
caminhos nos quais o que
aprendemos do passado nos
ajuda a enfrentar um futuro
melhor", disse Bachelet durante uma cerimônia no palácio
presidencial de La Moneda.
"Em cada nação, seu povo sabe e saberá fazer o relato e a
construção desses eventos e de
seus protagonistas. A história
vai sendo construída e as verdades vão sendo instaladas",
acrescentou.
A presidente afirmou ainda
que "o Chile não pode esquecer, só assim teremos um olhar
construtivo para o nosso futuro, garantindo o respeito aos direitos fundamentais de todos
os chilenos".
"Há ciclos da história que se
instalam com muita força na
retina de um povo, na memória
coletiva", afirmou. "Tenho um
conceito bem formado sobre
um período doloroso, dramático e complexo que viveu nosso
país."
Bachelet lamentou ainda os
distúrbios registrados no país
durante a madrugada e o dia de
ontem, que resultaram na detenção de mais de 90 pessoas.
"Nessas últimas horas vimos
gestos de divisão que não gostamos, mas sei que temos como
país e como sociedade a fortaleza ética para conseguir um
reencontro", disse.
Ela se referiu de forma indireta à decisão de não dar a Pinochet um funeral de chefe de
Estado. "Quando não existem
normas e leis previstas para determinadas situações, os governantes temos de tomar decisões pensando no país."
Lembrança
O ministro do Interior, Belisario Velasco, disse que a história se lembrará de Pinochet como um "clássico ditador de direita". "Ele passará para a história como um clássico ditador
de direita, que violentou gravemente os direitos humanos e
que enriqueceu, pois esse tem
sido o modelo dos ditadores de
direita da América Latina",
afirmou.
Com agências internacionais
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