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Paquistão bane entidade ligada a grupo terrorista
Jamaat-ud-Dawa é acusada de ser fachada de organização suspeita por ataques em Mumbai
Índia diz que ainda há muito para país vizinho fazer no combate ao terror e anuncia proposta de novas medidas de segurança nacional
Athar Hussain/Reuters
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Soldado paquistanês tranca escritório da Jamaat-ud-Dawa
DA REDAÇÃO
O Paquistão agiu ontem para
desarticular uma organização
islâmica de caridade ligada ao
Lashkar-e-Taiba, grupo terrorista apontado como autor dos
atentados em Mumbai, que
mataram 171 pessoas no fim do
mês passado.
"O governo decidiu proscrever a Jamaat-ud-Dawa", disse
Sherry Rehman, ministro da
Informação. Líderes do grupo
tiveram prisão domiciliar decretada por três meses, escritórios da entidade foram fechados, e seus ativos, congelados.
O banimento aconteceu um
dia após a ONU, a pedido da Índia, ter declarado a associação
como terrorista.
A Jamaat-ud-Dawa, que
mantém escolas islâmicas, clínicas e atuou na reconstrução
do Paquistão após o terremoto
de 2005, é apontada como fachada do Lashkar-e-Taiba, colocado na ilegalidade por Islamabad em 2002.
Hafiz Mohammed Saeed,
presidente do grupo banido ontem, insistiu que sua entidade
rompeu relações com o Lashkar-e-Taiba em 2002. Ele disse
que recorrerá à ONU, a tribunais internacionais e à Justiça
local contra o banimento.
"Se a Índia ou os EUA têm
provas contra a Jamaat-ud-Dawa, estamos prontos para nos
apresentar em qualquer tribunal. Nós não imploramos, exigimos justiça", declarou Saeed.
"Falta muito mais"
A ação de ontem não foi a primeira adotada pelo Paquistão
desde os ataques à capital financeira de sua vizinha e rival
histórica. No domingo, Islamabad anunciou uma ação militar
contra campos de treinamento
do Lashkar-e-Taiba na Caxemira paquistanesa e a prisão de
20 suspeitos de terrorismo.
Mas isso não sensibilizou as
autoridades indianas, que, antes mesmo do fim das ações de
resgate em Mumbai, apontaram a responsabilidade de
"agentes de países vizinhos",
em óbvia alusão ao Paquistão.
Em debate ontem no Parlamento, o premiê indiano, Manmohan Singh, afirmou que seu
governo "tomou ciência" das
ações paquistanesas, mas
acrescentou: "Claramente falta
fazer muito mais".
Ele também refutou críticas
de ser fraco contra o terrorismo. "Até agora, temos atuado
com moderação máxima. Mas
nosso compromisso com as
normas civilizadas não deve ser
tido como sinal de debilidade."
Apesar disso, seu ministro do
Interior, Palaniappan Chidambaram, reconheceu que "lacunas" na estrutura de segurança
e inteligência minaram a prevenção do ataque a Mumbai.
Ele apresentou um pacote de
medidas para "fortalecer as
provisões legais de prevenção,
investigação, acusação judicial
e castigo de atos terroristas". A
proposta inclui a criação de
uma Agência Nacional de Investigação e emendas às regras
contra lavagem de dinheiro.
O debate foi concluído com
uma resolução unânime de
apoio ao governo indiano e repúdio ao Paquistão por permitir que o Lashkar-e-Taiba "siga
operando e lançando ataques
terroristas contra a Índia".
Com agências internacionais
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