São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Paquistão bane entidade ligada a grupo terrorista

Jamaat-ud-Dawa é acusada de ser fachada de organização suspeita por ataques em Mumbai

Índia diz que ainda há muito para país vizinho fazer no combate ao terror e anuncia proposta de novas medidas de segurança nacional

Athar Hussain/Reuters
Soldado paquistanês tranca escritório da Jamaat-ud-Dawa

DA REDAÇÃO

O Paquistão agiu ontem para desarticular uma organização islâmica de caridade ligada ao Lashkar-e-Taiba, grupo terrorista apontado como autor dos atentados em Mumbai, que mataram 171 pessoas no fim do mês passado.
"O governo decidiu proscrever a Jamaat-ud-Dawa", disse Sherry Rehman, ministro da Informação. Líderes do grupo tiveram prisão domiciliar decretada por três meses, escritórios da entidade foram fechados, e seus ativos, congelados.
O banimento aconteceu um dia após a ONU, a pedido da Índia, ter declarado a associação como terrorista.
A Jamaat-ud-Dawa, que mantém escolas islâmicas, clínicas e atuou na reconstrução do Paquistão após o terremoto de 2005, é apontada como fachada do Lashkar-e-Taiba, colocado na ilegalidade por Islamabad em 2002.
Hafiz Mohammed Saeed, presidente do grupo banido ontem, insistiu que sua entidade rompeu relações com o Lashkar-e-Taiba em 2002. Ele disse que recorrerá à ONU, a tribunais internacionais e à Justiça local contra o banimento.
"Se a Índia ou os EUA têm provas contra a Jamaat-ud-Dawa, estamos prontos para nos apresentar em qualquer tribunal. Nós não imploramos, exigimos justiça", declarou Saeed.

"Falta muito mais"
A ação de ontem não foi a primeira adotada pelo Paquistão desde os ataques à capital financeira de sua vizinha e rival histórica. No domingo, Islamabad anunciou uma ação militar contra campos de treinamento do Lashkar-e-Taiba na Caxemira paquistanesa e a prisão de 20 suspeitos de terrorismo.
Mas isso não sensibilizou as autoridades indianas, que, antes mesmo do fim das ações de resgate em Mumbai, apontaram a responsabilidade de "agentes de países vizinhos", em óbvia alusão ao Paquistão.
Em debate ontem no Parlamento, o premiê indiano, Manmohan Singh, afirmou que seu governo "tomou ciência" das ações paquistanesas, mas acrescentou: "Claramente falta fazer muito mais".
Ele também refutou críticas de ser fraco contra o terrorismo. "Até agora, temos atuado com moderação máxima. Mas nosso compromisso com as normas civilizadas não deve ser tido como sinal de debilidade."
Apesar disso, seu ministro do Interior, Palaniappan Chidambaram, reconheceu que "lacunas" na estrutura de segurança e inteligência minaram a prevenção do ataque a Mumbai.
Ele apresentou um pacote de medidas para "fortalecer as provisões legais de prevenção, investigação, acusação judicial e castigo de atos terroristas". A proposta inclui a criação de uma Agência Nacional de Investigação e emendas às regras contra lavagem de dinheiro.
O debate foi concluído com uma resolução unânime de apoio ao governo indiano e repúdio ao Paquistão por permitir que o Lashkar-e-Taiba "siga operando e lançando ataques terroristas contra a Índia".

Com agências internacionais



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