São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Futuro titular da Saúde, Daschle defende cobertura universal e tem ligação com lobby

DE NOVA YORK

Fortalecendo sua agenda reformista para o setor, o presidente eleito Barack Obama oficializou ontem o nome do ex-senador democrata Tom Daschle como seu secretário da Saúde. Ficará sob a responsabilidade de Daschle a complicada reestruturação do sistema nacional, que hoje acarreta enorme peso financeiro em programas governamentais precários e deixa mais de 50 milhões de pessoas descobertas.
"Se queremos superar nossos desafios econômicos, temos que encarar de vez o desafio do sistema de saúde", disse Obama, em fala sobre a necessidade de tornar o atendimento médico mais acessível. A pasta gasta US$ 1 em cada US$ 4 do Orçamento federal.
Segundo o presidente eleito, Daschle, 61, não vai apenas liderar uma reforma, mas também encabeçar sua elaboração. O ex-líder da maioria no Senado chefiará o Departamento de Reforma do Sistema de Saúde, uma criação do governo Obama que demonstra o nível de prioridade que ele pretende dar ao tema. A vice-secretária da Saúde será Jeanne Lambrew, que já colaborou com Daschle em projetos para o setor.
Daschle é membro do Centro para o Progresso Americano, órgão de estudos de esquerda onde Obama buscou vários membros de sua equipe. Lá, sua prioridade era o sistema de saúde -ele é, como Obama, defensor da universalização.
Ele também integrava a firma de consultoria legal e lobby Alston & Bird, onde tratava de temas financeiros, de saúde, impostos e comércio. A Alston & Bird possui vários clientes com interesses privados no setor da saúde, inclusive empresas farmacêuticas e seguradoras. Ontem, o nome de Daschle continuava no site da firma como consultor especial.
O que nem Obama nem Daschle explicaram é como eles poderão financiar uma extensão da cobertura dos seguros-saúde sob um déficit orçamentário recorde. Questionado, Obama evitou dizer quando irá reverter o corte de impostos para famílias que ganham mais de US$ 250 mil anuais, uma promessa de campanha que aumentaria a arrecadação.
O sistema de saúde dos EUA é fortemente baseado em benefícios empregatícios, algo especialmente problemático em época de recessão e demissões. Os programas estatais atendem basicamente a idosos e pessoas de baixa renda com doenças específicas, mas têm custos altíssimos e crescentes. (AM)


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