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Chile usará empréstimos e economias na reconstrução
Piñera prevê que país vá precisar de US$ 30 bi para se reerguer após terremoto
"Aqui não há mágica; é uma megacalamidade, que vai requerer esforço, trabalho e sacrifício", diz presidente um dia após assumir o cargo
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO
Um dia depois de assumir a
Presidência do Chile, Sebastián
Piñera deu ontem um "choque
de realidade" na população.
"Quero dizer aos chilenos que
aqui não há mágica. O terremoto [de magnitude 8,8] que sacudiu o Chile [no último dia 27] é
equivalente a 800 vezes, em
termos de energia liberada, ao
que atingiu o Haiti. É uma megacalamidade, que vai requerer
esforço, trabalho e sacrifício."
Piñera estimou o dano patrimonial provocado pelo terremoto em US$ 30 bilhões, ou
cerca de 20% do PIB chileno, e
disse que o "fundo de reconstrução" será alimentado por
três fontes. Com um "tremendo esforço para contenção de
gastos", ele pretende redirecionar recursos do governo para o
projeto.
Além disso, afirmou que "de
forma prudente" usará "parte
das economias que o Chile acumulou nos tempos de vacas
gordas, precisamente para serem usadas em momentos como este"-em referência ao
fundo soberano do país- e citou a "possibilidade de contratar créditos externos".
O presidente previu ainda
"rendas adicionais" oriundas
do "preço do cobre [principal
produto da pauta de exportações do Chile], que, felizmente,
se manteve firme".
Na avaliação de Piñera, o
Chile, país onde os tremores de
terra são frequentes, tem "muito pouca capacidade de antecipar [a ocorrência de] sismos".
Ele pretende "fortalecer essa
área", por meio de convênios
com os principais institutos e
centros acadêmicos do mundo
especializados no tema.
Numa crítica velada à administração da catástrofe por sua
antecessora, Michelle Bachelet, Piñera disse que "ainda é o
tempo de buscar soluções, não
o de apontar os erros, que certamente chegará".
Boa parte das mortes e da
destruição causadas pelo terremoto aconteceram após o tsunami causado pelo tremor. Governo e Forças Armadas trocaram acusações pelo fato de não
ter sido emitido um alerta de
tsunami logo após o abalo.
Segundo o presidente, "a realidade demonstrou" a necessidade de aperfeiçoar o sistema
de alerta preventivo dos desastres naturais, "para tomar as
precauções que salvam vidas",
assim como o de operações de
emergência após a catástrofe.
"É necessário que o Chile,
um país sísmico que com muita
frequência deve suportar terremotos, maremotos, inundações
e deslizamentos, esteja muito
mais bem preparado para enfrentar a adversidade", disse.
Piñera disse que buscará
"uma coordenação muito
maior entre as Forças Armadas, o governo e a sociedade civil", porque, segundo ele disse,
a defesa do país não é a única
atribuição das Forças Armadas.
"Elas também têm uma função
em tempos de paz e, sobretudo,
de catástrofe." Bachelet também foi criticada por demorar a
mandar as Forças Armadas às
ruas após o terremoto, permitindo a erupção de uma onda de
saques em algumas das cidades
mais afetadas.
LAN
As finanças pessoais de Piñera, homem mais rico do Chile,
estão sob questionamento no
país, pelo fato de ele não haver
se desprendido, antes de tomar
posse, conforme prometera na
campanha, de seu pacote de
ações da LAN, principal companhia aérea chilena.
Questionado sobre o descumprimento da promessa, Piñera atribuiu-o ao terremoto.
"Posso assegurar que vou cumprir todos os compromissos
que fiz na campanha. O atraso é
por um motivo de força maior,
totalmente alheio à minha vontade", afirmou.
O presidente disse que, desde
o dia da catástrofe, dedica todo
o seu tempo a trabalhar no plano de recuperação do país. "Sei
que os chilenos de boa vontade
compreendem isso", afirmou.
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