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São Paulo, domingo, 13 de abril de 2003

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G-7 pede nova resolução da ONU

Ministros das Finanças de países ricos tentam superar divisões geradas pela decisão de ir à guerra

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Os ministros de Finanças dos países do G-7 defenderam, em sua reunião de ontem, "uma resolução adicional do Conselho de Segurança das Nações Unidas a respeito do Iraque".
A informação já havia sido antecipada, em entrevista coletiva, pelo presidente do BCE (Banco Central Europeu), o holandês Willem Duisenberg, e representa, se levada adiante, o mais eloquente sinal de uma tentativa de reconstituição da cooperação entre os países ricos, duramente afetada pela decisão norte-americana de agir unilateralmente no Iraque.
Em São Petersburgo, os líderes da Rússia, da França e da Alemanha encerraram reunião de cúpula de dois dias sobre o Iraque. Ontem, voltaram a pedir um papel destacado para a ONU.
A Folha perguntou a Duisenberg se a nova resolução trataria apenas da reconstrução física do Iraque ou abrangeria também a parte institucional e a legitimação do novo governo. Perguntou também se os EUA estavam de acordo com a nova resolução.
"Não posso dar mais detalhes. Só posso dizer que todos os ministros do G-7 concordaram em que uma nova resolução seria bem-vinda". O comunicado oficial do grupo é igualmente lacônico. Diz apenas: "Reconhecemos a necessidade de um esforço multilateral para ajudar o Iraque. Apoiamos uma resolução adicional do Conselho de Segurança".
O G-7 é formado pelos sete países mais ricos do mundo e rachou praticamente ao meio por causa da invasão do Iraque. Os EUA e o Reino Unido tomaram a iniciativa da ação, que foi apoiada pela Itália e pelo Japão. França, Alemanha e Canadá ficaram contra, o que azedou as relações entre eles.
Azedou tanto que o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Kohler, cobrou na quinta-feira "uma demonstração confiável" de restauração da cooperação internacional, na entrevista coletiva que abriu os encontros de primavera (no Hemisfério Norte) do FMI/Banco Mundial.
A questão do Iraque nem estava originalmente na agenda do encontro que os ministros de Finanças do G-7 habitualmente fazem em paralelo às reuniões do FMI.
Mas, no jantar da sexta, o secretário norte-americano do Tesouro, John Snow, adiantou que pretendia discutir uma "moldura" para a cooperação na reconstrução iraquiana, inclusive sobre a possibilidade de perdão da dívida do Iraque ou de parte dela.
A participação da ONU é enfaticamente defendida por dois dos membros do G-7 (França e Alemanha), com apoio da Rússia, país que participa de uma parte das discussões do G-7, que passa, nesse período, a ser G-8.
Ontem, no último dia da cúpula de São Petersburgo, o presidente russo Vladimir Putin, que havia feito o discurso mais duro na sexta, alertando contra o enfraquecimento da Nações Unidas no Iraque pós-Saddam, moderou bastante o seu tom. Disse a acadêmicos que um sistema de consultas diplomáticas poderia evitar conflitos futuros.


Com agências internacionais




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