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Grupo pró-armas cresce em campi dos EUA
Para 24 mil alunos de 289 universidades americanas, portar uma pistola é a melhor defesa contra massacres como o de Virgínia Tech
SCCC faz lobby para mudar leis estaduais e permitir que estudantes assistam a aulas armados; aumento de casos de atiradores infla filiação
BRENO COSTA
GUSTAVO HENNEMANN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um ano após massacre que
deixou 32 mortos na universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos, os campi americanos vêem florescer um movimento que cresce no vácuo de
antídotos contra tragédias semelhantes. O Estudantes pelo
Porte de Armas nas Universidades (SCCC, na sigla em inglês) já reúne mais de 24 mil
alunos em 289 universidades
de 45 Estados. Para eles, quanto mais pistolas nas mãos dos
alunos, maiores as chances de
evitar uma tragédia como a de
16 de abril de 2007.
Criticado por grupos pacifistas, que o acusa de representar
o lobby das armas, o SCCC ganha força nos EUA. Embora pequeno se comparado ao universo de 17 milhões de universitários, o movimento ganhou espaço na mídia e deu um salto de
140% no número de filiados
nos últimos dois meses.
Os integrantes do SCCC têm
como objetivo convencer os legisladores estaduais a mudarem as leis que, à exceção do
Estado de Utah, impedem a entrada de estudantes armados
nas universidades. Atualmente, tramitam no legislativo de
pelo menos 11 Estados projetos
de lei a favor da liberação.
O SCCC foi fundado dois dias
após o estudante Cho Seung-hui, 23, ter descarregado duas
pistolas em seus colegas. Embora motivado pelo maior massacre já registrado em um campus do país, o grupo foi criado a
1.780 km da Virgínia Tech, por
um aluno da Universidade do
Norte do Texas.
Um dos diretores do grupo,
Scott Lewis, 28, afirma que não
há prova que relacione a permissão de porte de armas nas
universidades com o aumento
da violência. Para ele, o importante é que o estudante, devidamente licenciado para portar
armas, esteja treinado. "Talvez
uma tragédia como a de Virgínia não pudesse ser evitada,
mas [a presença de alunos armados] equilibraria a disputa".
Arregimentação
Enquanto as leis não mudam,
os membros do SCCC investem
no trabalho de recrutamento.
Ken Stanton, 30, estudante de
engenharia e filho de policial, é
um deles. Em outubro, decidiu
levar para a sua universidade as
bandeiras do movimento. Na
traumatizada Virgínia Tech, ele
lidera hoje 165 apoiadores oficiais da liberação das armas como forma de evitar a violência.
A administração da universidade, que no dia 16 realiza o Dia
da Lembrança, em homenagem
aos alunos assassinados, respeita as manifestações do grupo no campus, mas rechaça
uma mudança na lei. Segundo o
vice-presidente de Relações
Universitárias, Larry Hincker,
"a posição da universidade é
clara e mantém-se a mesma há
décadas": "armas não combinam com salas de aula".
Fora do campus, o apoio mais
concreto à causa do SCCC é de
um parlamentar que apresenta,
todos os anos, um projeto de lei
liberando o porte de armas nas
universidades em Virgínia. Até
hoje, colecionou fracassos.
O sonho de Stanton e dos colegas do SCCC é que Utah sirva
de exemplo aos demais Estados. O Legislativo decidiu há
um ano, pouco antes do massacre em Virgínia, que as nove
universidades públicas estaduais não poderiam impedir
que alunos com porte de armas
assistissem às aulas com uma
pistola na mochila.
A administração da Universidade de Utah, em Salt Lake
City, não emite juízo de valor
sobre o assunto. À Folha informou apenas que segue a lei e,
até hoje, não registrou problemas decorrentes da liberação.
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