|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais da metade dos médicos de Gana já mora em outro país
EM SEVILHA
Primeiro país da África Subsaariana a conquistar a independência, em 1956, Gana, com
22 milhões de habitantes, demonstra o impacto do êxodo de
quem tem diploma.
O pesquisador do Instituto
de Estudos Africanos da Universidade de Gana Richard
Asante diz que, apesar da estabilidade política e do crescimento econômico do país (de
4% a 6% ao ano desde 2003), a
mortalidade infantil cresceu de
57 mortes para 63 por 1.000
nascidos vivos. Cerca de 60%
dos médicos de Gana emigraram nos últimos 25 anos, a
maioria para o Reino Unido, os
EUA e a África do Sul. Há mais
médicos ganenses no Reino
Unido do que em Gana. Há
mais doutores do Benin na
França do que no Benin.
Segundo Asante, a relação do
número de médicos por habitante não pára de diminuir. Em
Acra, a capital, há um médico
por grupo de 10.927 habitantes;
no noroeste do país, há 66 mil
pessoas por médico. O número
mínimo recomendado pela
OMS é de um médico para cada
5.000 pessoas, e uma enfermeira por mil habitantes. O país sofre com o crescimento do número de portadores do HIV.
"Há muitos hospitais e centros de saúde que têm menos
médicos do que há dez anos, ou
que ficaram sem nenhum médico e com poucas enfermeiras.
Isso já virou comum no interior", disse Asante à Folha. "A
economia, mesmo em crescimento, não tem condições de
competir com países desenvolvidos, tanto em salários quanto
em equipamentos."
A inflação no país não chega
a 10% ao ano. Mas 35% da população vive com menos de
US$ 1 diário. Na última década,
Gana assinou um acordo com
Cuba. Médicos cubanos atuam
nas regiões mais pobres do
país, ao norte e a oeste.
(RJL)
Texto Anterior: Fuga de cérebros ameaça países africanos Próximo Texto: Artigo: Tony Blair ou a esquerda possível Índice
|