São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Mais da metade dos médicos de Gana já mora em outro país

EM SEVILHA

Primeiro país da África Subsaariana a conquistar a independência, em 1956, Gana, com 22 milhões de habitantes, demonstra o impacto do êxodo de quem tem diploma.
O pesquisador do Instituto de Estudos Africanos da Universidade de Gana Richard Asante diz que, apesar da estabilidade política e do crescimento econômico do país (de 4% a 6% ao ano desde 2003), a mortalidade infantil cresceu de 57 mortes para 63 por 1.000 nascidos vivos. Cerca de 60% dos médicos de Gana emigraram nos últimos 25 anos, a maioria para o Reino Unido, os EUA e a África do Sul. Há mais médicos ganenses no Reino Unido do que em Gana. Há mais doutores do Benin na França do que no Benin.
Segundo Asante, a relação do número de médicos por habitante não pára de diminuir. Em Acra, a capital, há um médico por grupo de 10.927 habitantes; no noroeste do país, há 66 mil pessoas por médico. O número mínimo recomendado pela OMS é de um médico para cada 5.000 pessoas, e uma enfermeira por mil habitantes. O país sofre com o crescimento do número de portadores do HIV.
"Há muitos hospitais e centros de saúde que têm menos médicos do que há dez anos, ou que ficaram sem nenhum médico e com poucas enfermeiras. Isso já virou comum no interior", disse Asante à Folha. "A economia, mesmo em crescimento, não tem condições de competir com países desenvolvidos, tanto em salários quanto em equipamentos."
A inflação no país não chega a 10% ao ano. Mas 35% da população vive com menos de US$ 1 diário. Na última década, Gana assinou um acordo com Cuba. Médicos cubanos atuam nas regiões mais pobres do país, ao norte e a oeste. (RJL)


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