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Na Europa, partidos se reconfiguraram ao centro
Fim dos anos 1990 foi marcado por Terceira Via, do premiê britânico Tony Blair, e "novo meio", do chanceler alemão Schröder
DO "MONDE"
Da Terceira Via de Tony Blair
ao "novo meio" de Gerhard
Schröder, o fim dos anos 1990
foi marcado na Europa pela
busca, entre a esquerda, de uma
nova via reformista, capaz de
erodir o centro e atacar o neoliberalismo que levou Margaret
Thatcher a triunfar.
O sucesso de Blair lhe permitiu conter a ascensão dos centristas do Partido Liberal Democrata, que esperavam beneficiar-se da fraqueza dos conservadores para se impor como
partido-chave.
Em outras partes da Europa,
quase todos os países tiveram
sistemas de alianças políticas
alternativas que ou terminaram por privilegiar o centro ou
por evitá-lo. Mesmo na Espanha, onde o cenário político é
dominado pelos dois grandes
partidos Popular e Socialista,
nenhum dos dois pôde abrir
mão da contribuição dada por
pequenas formações nacionalistas moderadas.
Na Alemanha, por muito
tempo os liberais foram compostos por uma ala progressista, no que diz respeito às reformas sociais, e outra ala que representava o liberalismo econômico. Ao unir-se novamente
com os cristãos democratas de
Helmut Kohl, a partir de 1982,
sua ala da esquerda perdeu força, abrindo caminho para que o
partido dos Verdes se envolvesse no jogo de alianças.
Capitalizando a popularidade do tema ecológico, os verdes
foram aos poucos se impondo
no centro do espectro político,
defendendo um modelo social
liberal aberto às reformas econômicas, no qual se apoiou
Gerhard Schröder.
Na Bélgica, em vista da divisão do país em duas grandes comunidades lingüísticas antagônicas e do sistema eleitoral
marcado pela proporcionalidade integral, o regime de coalizões é a regra. Entretanto, apesar de o país freqüentemente
ser governado a partir do centro, um único partido se declara
abertamente centrista: o Centro Democrata Humanista, a
renovação do antigo Partido
Social Cristão valão.
Antes das "mudanças de
voz", o partido havia reinado
sobre a vida política belga na
segunda metade do século 20,
com seu homólogo flamengo, o
CVP -o Partido Cristão Popular, que assumiu o nome de Democrata-Cristão e Flamengo,
CD&V. Essa denominação durou até 1999, quando uma
maioria dita "laica", composta
de liberais e socialistas, levou o
equilíbrio a se desfazer no ar.
Tanto a esquerda socialista
como a direita liberal ansiavam
por enviar os partidos cristãos
de volta para a oposição. Opostas no plano econômico e social, essas famílias políticas colocaram as rivalidades de lado
para favorecer os avanços no
plano ético: fizeram votar leis
sobre o divórcio, o casamento
homossexual e a utilização de
células-tronco. O Partido Centrista francófono pode acabar
sendo absorvido pelo êxito provável de seu antigo parceiro, o
CD&V flamengo, nas eleições
legislativas de 10 de junho.
Na Itália, o regime parlamentar favoreceu a "combinazione". A DC (Democracia Cristã)
ocupou o centro do cenário político italiano até o início dos
anos 1990.
Os escândalos de corrupção e
a investigação Mãos Limpas,
que levaram à desintegração da
DC, somados à ascensão de Silvio Berlusconi, em 1994, resultaram na bipolarização entre
coalizões de direita e de esquerda, dominada pelo partido dos
democratas de esquerda saído
do antigo partido comunista.
Essa bipolarização conferiu
peso adicional às pequenas formações marginais, como, à direita, a Liga do Norte, formação
populista, e, à esquerda, o Partido da Refundação Comunista.
Depois do retorno de Romano
Prodi ao governo, em 2006, é
hoje ao centro que evoluem os
partidos principais, herdeiros
da democracia cristã.
Tradução de CLARA ALLAIN
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