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IRONIA HISTÓRICA
Putin homenageia o escritor e ex-dissidente Soljenitsin
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Vladimir Putin, homenageou ontem o ex-dissidente Alexandre Soljenitsin, com a entrega a sua mulher -o escritor
de 88 anos, enfermo, não pôde comparecer à cerimônia
do Kremlin- de um dos mais
importantes prêmios do
país, a medalha do Estado.
Putin era coronel da KGB,
o serviço de segurança soviético, quando em 1974 Soljenitsin foi expulso da então
URSS por atividades contrárias ao regime. O escritor havia publicado "O Arquipélago do Gulag", pelo qual recebera, quatro anos antes, o
Prêmio Nobel de Literatura.
Putin qualificou Soljenitsin de "historiador maior",
"o primeiro a ter relatado
uma das grandes tragédias
soviéticas", menção aos campos de prisioneiros reservados aos que cometiam os
chamados crimes de opinião.
A cerimônia de entrega da
medalha a Natalia Soljenitsin ocorreu durante as comemorações da declaração de
soberania da Rússia, publicada em 1990, no momento em
que entrava em colapso a estrutura soviética de poder.
O jornal francês "Le Figaro" afirma que a condecoração, aparentemente paradoxal, já que partiu de um ex-policial em benefício de uma
ex-vítima, possui uma dimensão política precisa.
Desde que voltou do exílio,
Soljenitsin, que leva uma vida isolada nos arredores de
Moscou, tem esporadicamente criticado os Estados
Unidos e a Otan, a aliança
militar ocidental, por terem
"cercado" a Rússia, na tentativa de asfixiar sua soberania.
São posições que coincidem com as do Kremlin.
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