São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Síria, Irã e EUA fornecem armamento para o conflito

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se não fosse pela Síria e pelo Irã, nenhum civil israelense teria morrido no conflito no Líbano. São os dois países que fornecem o armamento de maior alcance do Hizbollah, como os foguetes Katyusha e mísseis terra-terra e terra-mar de vários modelos.
Já Israel é o país mais avançado industrial e tecnologicamente do Oriente Médio, o que se reflete em seu arsenal. Apesar disso, ainda depende muito da indústria bélica americana para itens que não tem como fabricar em escala economicamente viável -o que inclui tanto caças ultra-sofisticados como vários tipos de munição.
No momento, munição é o que Israel mais precisa dos EUA: kits para transformar bombas comuns em bombas guiadas por satélite. E bombas de submunições, isto é, recheadas com bombinhas capazes de, dispersadas pela explosão, atingir uma área mais ampla.
Ironicamente, as indústrias bélicas do Irã e de Israel têm em comum a busca da auto-suficiência por conta de embargos e boicotes no passado.
Em questão de armamento, o Irã dependia do Ocidente, principalmente dos EUA, até 1979.
EUA e Reino Unido não hesitavam em fornecer a seu aliado maior na região, o xá Mohammed Reza Pahlevi, tudo que ele pedisse, até material que outros países da aliança militar ocidental Otan não recebiam -como o caça mais moderno da Marinha americana então, o F-14 Tomcat, e o principal tanque britânico, Chieftain, ambos ainda em uso no país.
A fonte secou em 1979, com a Revolução Islâmica que derrubou o xá e colocou no poder o aiatolá Ruhollah Khomeini (1900-1989). Mas a guerra com o Iraque de 1980 a 1988 despertou no Irã a necessidade de desenvolver sua própria indústria bélica, já que a maior parte do planeta evitava vender armas aos aiatolás.
Irã e Iraque não tinham pudor em bombardear as cidades inimigas, matando o máximo possível. Foguetes e mísseis eram a arma ideal, baratas e menos vulneráveis que aviões.
O Hizbollah aprendeu a lição. O grupo incluiu no seu arsenal foguetes Katyusha, um modelo clássico soviético fabricado em vários países, inclusive o Irã, datado da Segunda Guerra Mundial, com alcance de 20 km; e foguetes como o Fajr-3 (43 km) e Fajr-5 (75 km).
São armas pouco sofisticadas tecnologicamente, o que facilita o uso por tropa pouco treinada. A precisão também é pequena, o que não faz diferença se o alvo é uma grande cidade israelense.
Israel tenta fazer frente com armas de precisão que acertem os fugazes lançadores de foguetes. Canhões e mísseis atirando em "contrabateria" podem atingir alvos próximos; a aviação é empregada nos distantes.
O país teve sucesso em fabricar seus próprios tanques. A série Merkava está entre os melhores do mundo, embora modelos mais antigos sejam vulneráveis aos mais modernos mísseis antitanques russos que a Síria fornece ao Hizbollah.
Já fabricar um caça custa bem mais caro. Os israelenses tentaram, nos anos 70, construir seus próprios caças. Um chegou a ser projetado, o Lavi. Mas não havia dinheiro para produzi-lo em série -nem isso interessava aos EUA, que queriam seguir como fornecedores. É por isso que os F-15 e F-16 que hoje bombardeiam o Líbano são "made in USA".


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