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Síria, Irã e EUA fornecem armamento para o conflito
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se não fosse pela Síria e pelo
Irã, nenhum civil israelense teria morrido no conflito no Líbano. São os dois países que
fornecem o armamento de
maior alcance do Hizbollah, como os foguetes Katyusha e mísseis terra-terra e terra-mar de
vários modelos.
Já Israel é o país mais avançado industrial e tecnologicamente do Oriente Médio, o que
se reflete em seu arsenal. Apesar disso, ainda depende muito
da indústria bélica americana
para itens que não tem como
fabricar em escala economicamente viável -o que inclui tanto caças ultra-sofisticados como vários tipos de munição.
No momento, munição é o
que Israel mais precisa dos
EUA: kits para transformar
bombas comuns em bombas
guiadas por satélite. E bombas
de submunições, isto é, recheadas com bombinhas capazes de,
dispersadas pela explosão,
atingir uma área mais ampla.
Ironicamente, as indústrias
bélicas do Irã e de Israel têm
em comum a busca da auto-suficiência por conta de embargos e boicotes no passado.
Em questão de armamento, o
Irã dependia do Ocidente, principalmente dos EUA, até 1979.
EUA e Reino Unido não hesitavam em fornecer a seu aliado
maior na região, o xá Mohammed Reza Pahlevi, tudo que ele
pedisse, até material que outros países da aliança militar
ocidental Otan não recebiam
-como o caça mais moderno
da Marinha americana então, o
F-14 Tomcat, e o principal tanque britânico, Chieftain, ambos
ainda em uso no país.
A fonte secou em 1979, com a
Revolução Islâmica que derrubou o xá e colocou no poder o
aiatolá Ruhollah Khomeini
(1900-1989). Mas a guerra com
o Iraque de 1980 a 1988 despertou no Irã a necessidade de desenvolver sua própria indústria
bélica, já que a maior parte do
planeta evitava vender armas
aos aiatolás.
Irã e Iraque não tinham pudor em bombardear as cidades
inimigas, matando o máximo
possível. Foguetes e mísseis
eram a arma ideal, baratas e
menos vulneráveis que aviões.
O Hizbollah aprendeu a lição.
O grupo incluiu no seu arsenal
foguetes Katyusha, um modelo
clássico soviético fabricado em
vários países, inclusive o Irã,
datado da Segunda Guerra
Mundial, com alcance de 20
km; e foguetes como o Fajr-3
(43 km) e Fajr-5 (75 km).
São armas pouco sofisticadas
tecnologicamente, o que facilita o uso por tropa pouco treinada. A precisão também é pequena, o que não faz diferença se o
alvo é uma grande cidade israelense.
Israel tenta fazer frente com
armas de precisão que acertem
os fugazes lançadores de foguetes. Canhões e mísseis atirando
em "contrabateria" podem
atingir alvos próximos; a aviação é empregada nos distantes.
O país teve sucesso em fabricar seus próprios tanques. A série Merkava está entre os melhores do mundo, embora modelos mais antigos sejam vulneráveis aos mais modernos
mísseis antitanques russos que
a Síria fornece ao Hizbollah.
Já fabricar um caça custa
bem mais caro. Os israelenses
tentaram, nos anos 70, construir seus próprios caças. Um
chegou a ser projetado, o Lavi.
Mas não havia dinheiro para
produzi-lo em série -nem isso
interessava aos EUA, que queriam seguir como fornecedores. É por isso que os F-15 e F-16 que hoje bombardeiam o Líbano são "made in USA".
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