São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Ataque vira rotina em Kiriyat Shmone

Cidade perto da fronteira norte de Israel é maior alvo do Hizbollah

Nem 30 anos de experiência anterior prepararam os 25 mil moradores para sirenes ecoando a cada 20 minutos e para a clausura pelo medo


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE KIRIYAT SHMONE (ISRAEL)

A três quilômetros da fronteira com o Líbano, Kiriyat Shmone se orgulha de suas atrações turísticas, como o teleférico e os chalés nas montanhas da Galiléia. Mas em um mês de guerra, o lugar ficou conhecido como o mais atingido pelos foguetes do Hizbollah.
Os Katyusha não são novidade; a cidade é alvo das bombas há mais de 30 anos. Mas não nesta intensidade, de ao menos 40 por dia. "Mesmo com experiência, não estávamos preparados. Fui eleito para para cuidar dos jardins e da coleta de lixo, não para administrar uma situação de guerra", diz o prefeito Haim Barbibai, no abrigo antibomba da Prefeitura.
A cada 20 minutos quase, sirenes alertam que vão cair mais Katyusha. Segundo a Prefeitura, 1.500 apartamentos, 350 casas, 3 escolas e 2 shoppings foram atingidos por foguetes. Há mais de cem feridos.
Os estrondos das baterias de artilharia israelense estacionadas nas plantações ao redor da cidade são constantes. No centro, só um quiosque continua aberto, e os semáforos da rua principal estão desligados.
O cemitério também foi atingido. Enterros agora são à noite, quando há menos ataques, para evitar aglomerações que multipliquem as vítimas.
Metade dos 25 mil moradores saiu nas duas primeiras semanas de conflito. Quem ficou tenta conseguir vaga no programa de retirada do governo.
A polícia faz rondas pelos abrigos. "As pessoas estão há um mês fechadas e soltam a raiva em cima de nós. Quando chegamos, gritam e nos culpam pela situação", disse o chefe da polícia local, Fares Fahaj.
A sede da Prefeitura virou centro de peregrinação. Pais com filhos pequenos imploram para os funcionários públicos tirá-los de lá. Todos os dias, ônibus do governo central levam cerca de 300 pessoas para hotéis na região central do país. Cada família pode ficar cerca de uma semana fora, e depois precisa voltar para a Kiriyat Shmone se não tiver onde ficar.
A cidade também virou o ponto preferido para visitas políticas. Na última quinta, dois ministros e três deputados estiveram lá. Como todos os prefeitos, Barbibai reclama do governo central e das visitas. "É melhor mandar ajuda do que vir até aqui", diz o engenheiro que está no segundo mandato, agora pelo partido Kadima, o mesmo do premiê Ehud Olmert.
Como ponto positivo, ele cita "centenas" de voluntários ajudando as pessoas nos 210 abrigos da cidade. "Tem de tudo, gente do país inteiro. Grupos de música que trabalham com crianças, cabeleireiros, gente anônima que traz comida e fraldas para bebês. Isso é bom, mas não é suficiente." (MG)


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