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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Ataque vira rotina em Kiriyat Shmone
Cidade perto da fronteira norte de Israel é maior alvo do Hizbollah
Nem 30 anos de experiência anterior prepararam os 25 mil moradores para sirenes ecoando a cada 20 minutos e para a clausura pelo medo
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE KIRIYAT SHMONE (ISRAEL)
A três quilômetros da fronteira com o Líbano, Kiriyat
Shmone se orgulha de suas
atrações turísticas, como o teleférico e os chalés nas montanhas da Galiléia. Mas em um
mês de guerra, o lugar ficou conhecido como o mais atingido
pelos foguetes do Hizbollah.
Os Katyusha não são novidade; a cidade é alvo das bombas
há mais de 30 anos. Mas não
nesta intensidade, de ao menos
40 por dia. "Mesmo com experiência, não estávamos preparados. Fui eleito para para cuidar dos jardins e da coleta de lixo, não para administrar uma
situação de guerra", diz o prefeito Haim Barbibai, no abrigo
antibomba da Prefeitura.
A cada 20 minutos quase, sirenes alertam que vão cair mais
Katyusha. Segundo a Prefeitura, 1.500 apartamentos, 350 casas, 3 escolas e 2 shoppings foram atingidos por foguetes. Há
mais de cem feridos.
Os estrondos das baterias de
artilharia israelense estacionadas nas plantações ao redor da
cidade são constantes. No centro, só um quiosque continua
aberto, e os semáforos da rua
principal estão desligados.
O cemitério também foi atingido. Enterros agora são à noite, quando há menos ataques,
para evitar aglomerações que
multipliquem as vítimas.
Metade dos 25 mil moradores saiu nas duas primeiras semanas de conflito. Quem ficou
tenta conseguir vaga no programa de retirada do governo.
A polícia faz rondas pelos
abrigos. "As pessoas estão há
um mês fechadas e soltam a raiva em cima de nós. Quando
chegamos, gritam e nos culpam
pela situação", disse o chefe da
polícia local, Fares Fahaj.
A sede da Prefeitura virou
centro de peregrinação. Pais
com filhos pequenos imploram
para os funcionários públicos
tirá-los de lá. Todos os dias,
ônibus do governo central levam cerca de 300 pessoas para
hotéis na região central do país.
Cada família pode ficar cerca de
uma semana fora, e depois precisa voltar para a Kiriyat Shmone se não tiver onde ficar.
A cidade também virou o
ponto preferido para visitas políticas. Na última quinta, dois
ministros e três deputados estiveram lá. Como todos os prefeitos, Barbibai reclama do governo central e das visitas. "É melhor mandar ajuda do que vir
até aqui", diz o engenheiro que
está no segundo mandato, agora pelo partido Kadima, o mesmo do premiê Ehud Olmert.
Como ponto positivo, ele cita
"centenas" de voluntários ajudando as pessoas nos 210 abrigos da cidade. "Tem de tudo,
gente do país inteiro. Grupos de
música que trabalham com
crianças, cabeleireiros, gente
anônima que traz comida e
fraldas para bebês. Isso é bom,
mas não é suficiente."
(MG)
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