São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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Oposição argentina pede investigação de ministro

Governo quer que Venezuela demita no caso da mala

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Tentando conter os danos eleitorais de um novo escândalo, o governo argentino está pressionando a Venezuela para que assuma a responsabilidade pela tentativa do empresário Guido Antonini Wilson de entrar em Buenos Aires com US$ 790,5 mil, há nove dias.
A oposição argentina, por sua vez, tenta capitalizar ao máximo o escândalo. A UCR (União Cívica Radical), que apóia a candidatura presidencial oposicionista de Roberto Lavagna, entrará hoje com uma ação na Justiça pedindo que o ministro Julio De Vido (Planejamento) seja investigado por "suborno transnacional".
A tese do partido é que o dinheiro apreendido com Wilson era propina venezuelana a funcionários argentinos.
De Vido, um dos homens mais poderosos do gabinete de Kirchner, era o chefe de Claudio Uberti, até a semana passada presidente do Ente Regulador de Autopistas. Uberti foi responsabilizado por permitir que Wilson embarcasse no avião Cessna 750X que trazia de volta de Caracas três funcionários do governo argentino que foram à Venezuela negociar os termos de um acordo energético assinado pelos presidentes Hugo Chávez e Néstor Kirchner na última segunda.
Na semana em que será lançada oficialmente a chapa Cristina Fernández de Kirchner-Julio Cobos, em um ato amanhã em Buenos Aires, o governo Kirchner espera agora que a Venezuela atue para afastar da Argentina as suspeitas sobre o escândalo. Em um encontro que tiveram na última sexta na Bolívia, Kirchner pediu a Chávez que demita Diego Uzcatéguy, vice-presidente da petroleira estatal PDVSA.
Segundo a versão da Casa Rosada, Uzcáteguy pediu a Uberti que trouxesse no avião cinco funcionários da PDVSA. Só que dois deles não eram, na realidade, executivos da estatal, mas sim o filho de Uzcáteguy, Daniel, e o empresário Wilson.
Embora a Venezuela resista a assumir responsabilidade pelo caso, a PDVSA anunciou que vai investigar a conduta dos seus funcionários no episódio.
Ontem, a procuradora Maria Luz Rivas Diez disse que não descarta que Wilson tenha tentado cometer o crime de lavagem de dinheiro e afirmou que pode pedir a captura internacional do venezuelano, que deixou Buenos Aires na última terça. Por enquanto, Wilson é o único investigado no caso, embora não haja provas de que a mala fosse realmente sua.


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