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Oposição argentina pede investigação de ministro
Governo quer que Venezuela demita no caso da mala
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Tentando conter os danos
eleitorais de um novo escândalo, o governo argentino está
pressionando a Venezuela para
que assuma a responsabilidade
pela tentativa do empresário
Guido Antonini Wilson de entrar em Buenos Aires com US$
790,5 mil, há nove dias.
A oposição argentina, por sua
vez, tenta capitalizar ao máximo o escândalo. A UCR (União
Cívica Radical), que apóia a
candidatura presidencial oposicionista de Roberto Lavagna,
entrará hoje com uma ação na
Justiça pedindo que o ministro
Julio De Vido (Planejamento)
seja investigado por "suborno
transnacional".
A tese do partido é que o dinheiro apreendido com Wilson
era propina venezuelana a funcionários argentinos.
De Vido, um dos homens
mais poderosos do gabinete de
Kirchner, era o chefe de Claudio Uberti, até a semana passada presidente do Ente Regulador de Autopistas. Uberti foi
responsabilizado por permitir
que Wilson embarcasse no
avião Cessna 750X que trazia
de volta de Caracas três funcionários do governo argentino
que foram à Venezuela negociar os termos de um acordo
energético assinado pelos presidentes Hugo Chávez e Néstor
Kirchner na última segunda.
Na semana em que será lançada oficialmente a chapa Cristina Fernández de Kirchner-Julio Cobos, em um ato amanhã em Buenos Aires, o governo Kirchner espera agora que a
Venezuela atue para afastar da
Argentina as suspeitas sobre o
escândalo. Em um encontro
que tiveram na última sexta na
Bolívia, Kirchner pediu a Chávez que demita Diego Uzcatéguy, vice-presidente da petroleira estatal PDVSA.
Segundo a versão da Casa Rosada, Uzcáteguy pediu a Uberti
que trouxesse no avião cinco
funcionários da PDVSA. Só que
dois deles não eram, na realidade, executivos da estatal, mas
sim o filho de Uzcáteguy, Daniel, e o empresário Wilson.
Embora a Venezuela resista a
assumir responsabilidade pelo
caso, a PDVSA anunciou que
vai investigar a conduta dos
seus funcionários no episódio.
Ontem, a procuradora Maria
Luz Rivas Diez disse que não
descarta que Wilson tenha tentado cometer o crime de lavagem de dinheiro e afirmou que
pode pedir a captura internacional do venezuelano, que deixou Buenos Aires na última terça. Por enquanto, Wilson é o
único investigado no caso, embora não haja provas de que a
mala fosse realmente sua.
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