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China condena à morte seis uigures por choques de julho
Chinês han que participou de linchamento, estopim da crise, recebe mesma sentença
Província de Xinjiang, palco dos confrontos, continua sob restrições, e hotéis e cibercafés do resto do país têm ordem de evitar uigures
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A Justiça chinesa condenou
ontem à morte seis homens envolvidos nos violentos distúrbios étnicos na Província de
Xinjiang, que mataram quase
200 pessoas em julho passado.
Outro homem foi condenado
à prisão perpétua. Os sete condenados são uigures, minoria
muçulmana que formava a
maioria da população da Província de Xinjiang até a ocupação da região pelas tropas de
Mao Tsé-tung em 1949.
Eles foram condenados por
homicídio, roubo e vandalismo.
Para organizações de uigures
exilados, o julgamento não seguiu procedimentos legais e
pode inflamar mais as tensões
de uigures contra chineses han.
Em 5 de julho passado, 197
pessoas morreram na ruas de
Urumqi, capital de Xinjiang
-147 chineses han (maioria étnica do país) e 50 uigures. Graças a uma política de Pequim
iniciada nos anos 60, de enviar
chineses han para colonizar a
região uigur, 80% da população
atual de Urumqi é chinesa han.
Uigures no exílio também reclamam que a cobertura da mídia estatal chinesa só fala das
vítimas han e não da violência
contra os chineses uigures.
Em outra sentença, um homem foi condenado à morte e
outro à prisão perpétua por
participar do linchamento de
dois operários uigures em uma
fábrica de brinquedos em
Guangzhou, no sul da China. O
episódio foi o estopim dos distúrbios de Xinjiang. Os dois foram linchados após um ex-empregado chinês han, insatisfeito com a chegada dos uigures,
espalhar boato de que tinham
estuprado uma jovem.
A impunidade dos suspeitos
do linchamento provocou a ira
dos uigures em Urumqi. Em 5
de julho, eles organizaram um
protesto violento. Reprimidos
pela polícia, manifestantes atacaram chineses nas ruas locais.
As duas sentenças foram divulgadas ao mesmo tempo pela
mídia estatal chinesa.
Abdukerim Abduwayit, Gheni Yusup, Abdulla Mettohti,
Adil Rozi, Nureli Wuxiu'er e
Alim Metyusup foram condenados diante de 400 pessoas,
entre elas deputados, assessores do Partido Comunista e familiares das vítimas. O julgamento foi feito em uigur, com
tradução para o chinês.
Sem internet
A situação em Xinjiang está
longe de voltar ao normal.
Segundo a Rádio Nacional da
China, 14 mil militares e paramilitares foram enviados a
Urumqi anteontem. As conexões de internet na Província
de 22 milhões de habitantes estão bloqueadas desde 5 de julho. Hotéis no resto do país precisam reportar à polícia chegadas de hóspedes uigures e são
orientados a não hospedá-los.
Cibercafés têm a mesma ordem
de não receber uigures.
Na semana passada, a rede Al
Qaeda divulgou mensagem
convocando os uigures a declararem "guerra santa" contra o
regime de Pequim. O governo
chinês diz que o crescimento
econômico da região beneficia
a todos e que os dois grupos étnicos convivem em harmonia.
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