São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

Tremor mata 14 militares do Brasil e deixa 4 desaparecidos

Antes só quatro brasileiros haviam morrido desde início da missão de paz, em 2004

Nove capacetes azuis do país ficaram feridos; em estado mais grave, dois foram transferidos para a República Dominicana


FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 14 militares brasileiros morreram no terremoto que atingiu o Haiti, segundo informou o Exército ontem.
O número ainda pode aumentar, uma vez que há quatro militares brasileiros desaparecidos. Todos integram a Minustah, a missão de estabilização da ONU no país que é liderada pelo Brasil.
Em um único dia, o Brasil sofreu mais do que o triplo de baixas que teve em seu efetivo desde o início da missão, em 2004. Até o terremoto, haviam morrido quatro militares, vítimas de acidentes, problemas de saúde ou, no caso do general Urano Bacellar, então comandante da missão, por suicídio.
No início da tarde de ontem, o Exército também informou a existência de nove militares feridos, outro número que ainda poderia crescer. Destes, dois em estado mais grave foram transferidos para a vizinha República Dominicana.
Nenhuma das vítimas estava na principal base do Brasil em Porto Príncipe (chamada de Brabatt), que só sofreu avarias leves. "Os mortos estavam em outros pontos menores que o contingente do Brasil mantém", disse o general de brigada Carlos Alberto Neiva Barcellos, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército.
O Brasil tem 1.266 militares compondo a Minustah. A maioria estava na base principal no momento do terremoto.
Dos 11 mortos cujos nomes já foram confirmados, 10 faziam parte do Brabatt. O outro é o coronel Emílio Carlos Torres dos Santos, que estava cedido ao comando da Minustah.
Além do quartel-general, o Brasil ainda mantém dois prédios abrigando companhias no centro da capital (cada uma com capacidade para cerca de 120 homens) e dois "pontos fortes" -imóveis menores que funcionam como postos avançados na cidade, para 7 a 8 militares. Um deles, um sobrado chamado de "Ponto Forte 22", desabou durante o abalo.
Segundo Barcellos, os militares brasileiros estão envolvidos "de corpo e alma" nos trabalhos de ajuda às vítimas, mas com grandes dificuldades logísticas. Engenheiros que poderiam ajudar na remoção de escombros não conseguem se deslocar, em razão da quantidade de pedras e concreto nas vias.
Por ser uma das únicas construções grandes da cidade que ficaram de pé, a base das tropas brasileiras virou ponto de atração para a população haitiana. A base, segundo Barcellos, está recebendo milhares de pessoas à procura de ajuda e informações. Na tarde de ontem, o Exército informou que não havia sinais de distúrbios.
Um avião da FAB partiria ontem à noite do Rio de Janeiro, levando 13 toneladas de água e alimentos. Outro deve seguir hoje, com especialistas em defesa civil e cães farejadores.


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