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HAITI EM RUÍNAS
Tremor mata 14 militares do Brasil e deixa 4 desaparecidos
Antes só quatro brasileiros haviam morrido desde início da missão de paz, em 2004
Nove capacetes azuis do país ficaram feridos; em estado mais grave, dois foram transferidos para a República Dominicana
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 14 militares brasileiros morreram no terremoto que atingiu o Haiti, segundo
informou o Exército ontem.
O número ainda pode aumentar, uma vez que há quatro
militares brasileiros desaparecidos. Todos integram a Minustah, a missão de estabilização
da ONU no país que é liderada
pelo Brasil.
Em um único dia, o Brasil sofreu mais do que o triplo de baixas que teve em seu efetivo desde o início da missão, em 2004.
Até o terremoto, haviam morrido quatro militares, vítimas de
acidentes, problemas de saúde
ou, no caso do general Urano
Bacellar, então comandante da
missão, por suicídio.
No início da tarde de ontem,
o Exército também informou a
existência de nove militares feridos, outro número que ainda
poderia crescer. Destes, dois
em estado mais grave foram
transferidos para a vizinha República Dominicana.
Nenhuma das vítimas estava
na principal base do Brasil em
Porto Príncipe (chamada de
Brabatt), que só sofreu avarias
leves. "Os mortos estavam em
outros pontos menores que o
contingente do Brasil mantém", disse o general de brigada
Carlos Alberto Neiva Barcellos,
chefe do Centro de Comunicação Social do Exército.
O Brasil tem 1.266 militares
compondo a Minustah. A maioria estava na base principal no
momento do terremoto.
Dos 11 mortos cujos nomes já
foram confirmados, 10 faziam
parte do Brabatt. O outro é o
coronel Emílio Carlos Torres
dos Santos, que estava cedido
ao comando da Minustah.
Além do quartel-general, o
Brasil ainda mantém dois prédios abrigando companhias no
centro da capital (cada uma
com capacidade para cerca de
120 homens) e dois "pontos
fortes" -imóveis menores que
funcionam como postos avançados na cidade, para 7 a 8 militares. Um deles, um sobrado
chamado de "Ponto Forte 22",
desabou durante o abalo.
Segundo Barcellos, os militares brasileiros estão envolvidos
"de corpo e alma" nos trabalhos
de ajuda às vítimas, mas com
grandes dificuldades logísticas.
Engenheiros que poderiam
ajudar na remoção de escombros não conseguem se deslocar, em razão da quantidade de
pedras e concreto nas vias.
Por ser uma das únicas construções grandes da cidade que
ficaram de pé, a base das tropas
brasileiras virou ponto de atração para a população haitiana.
A base, segundo Barcellos, está
recebendo milhares de pessoas
à procura de ajuda e informações. Na tarde de ontem, o
Exército informou que não havia sinais de distúrbios.
Um avião da FAB partiria ontem à noite do Rio de Janeiro,
levando 13 toneladas de água e
alimentos. Outro deve seguir
hoje, com especialistas em defesa civil e cães farejadores.
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