São Paulo, quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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VÍTIMAS

Bruno Ribeiro Mário, 27

O tenente sempre quis seguir a carreira militar como o pai, o capitão da reserva Alacir José Mário.
Ele integrava o 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena (SP) e estava no Haiti havia seis meses. Voltaria ao Brasil no próximo sábado. "Ele era muito ligado à família e sentia não poder estar mais tempo junto aos seus", relata sua tia, Márcia Mário.
Segundo ela, antes de embarcar ao Haiti, Mário lamentou não poder participar da festa de 15 anos de sua afilhada Manuela.

Tiago Anaya Detimermani, 23

A dona de casa Dalila Anaya Henrique, 43, estava no hospital se recuperando de uma cirurgia quando viu o filho mais velho, o soldado Tiago Anaya Detimermani, pela última vez. Foi em julho de 2009. "Meu filho ia embarcar para o Haiti e foi se despedir de mim. Ele pediu a minha benção, e eu disse: vai com Deus, meu filho", disse Dalila, aos prantos. O soldado era casado e vivia com a mulher em Cachoeira Paulista (SP). Ele planejava voltar ao Brasil neste sábado.

Douglas Pedrotti Neckel, 24

O cabo foi voluntário para a Minustah por razões humanitárias: queria ajudar os haitianos -pessoas que conhecia só pelos noticiários e sabia serem das mais sofridas da América.
Quando voltou ao Brasil de férias da missão, no semestre passado, contou à família ter aprendido muitas lições de vida ao servir no Caribe. "Ele estava tão empolgado e feliz. Tinha aprendido a dar mais valor à água, à comida. Falava que queria proteger aquela gente", disse Ana Paula Pedrotti, prima do militar.

Washington Luis Seraphin, 23

Muito comovida, Nazilda Alves de Abreu, 50, contou na tarde de ontem que o militar Washington Luis de Souza Seraphin, 23, morto ontem (12) no terremoto que arrasou o Haiti, pretendia se casar com sua filha, Najara Alves de Abreu, 23.
Os dois namoravam havia sete anos e já tinham comprado o terreno onde seria construída a casa onde morariam após o casamento. "Eles já tinham até a planta da casinha deles", disse Nazilda, ainda emocionada.

Raniel Batista de Camargos, 43

O último contato do subtenente Camargos com a família no Brasil ocorreu quando o militar participava, via webcam, do aniversário da filha. A menina completou seis anos anteontem, mesmo dia em que o pai morreu no terremoto. Momentos antes do parabéns, o sinal da internet de Camargos caiu e não voltou mais.
O relato é do capitão aposentado Salvador Theodoro de Souza, com quem Camargos trabalhou por quatro anos em Botucatu (SP).
"Além de muito competente, Raniel tinha uma formação moral muito boa e era querido pela tropa", contou Souza.
Em maio passado, Camargos foi promovido de sargento a subtenente. No mês seguinte, foi designado para integrar as tropas brasileiras no Haiti, onde cumpria funções administrativas. Sua volta ao Brasil estava prevista para o próximo dia 28.

Davi Ramos de Lima, 37

Familiares do sargento nascido em Garanhus (PE) preparavam uma festa para o militar, que retornaria ao Brasil no final do mês. Segundo a família, no momento do terremoto, Davi fazia, com colegas, a escolta de Zilda Arns. Seu irmão Arimatéia Lima conta que Davi estava alegre pelo retorno e ansioso para rever a mulher, Fernanda, e seus dois filhos -um deles com cinco meses de idade, nascido quando Ramos de Lima já estava no Haiti.

Antonio José Anacleto, 24

"A gente estava preparando uma grande festa para comemorar a chegada dele, neste fim de semana. Toda a família e amigos iriam participar. Agora está todo o mundo desolado", contou Sônia Mara Anacleto, irmã do soldado.
Solteiro e fanático por futebol, o corintiano Anacleto era o mais novo de quatro irmãos. Vivia com eles e o pai em uma casa humilde do bairro CDHU, na periferia de Cachoeira Paulista (SP).
Estava havia cerca de sete anos no Exército.

Emílio Torres dos Santos, 46

O coronel do gabinete do Comandante do Exército em Brasília estava no Haiti desde maio passado.
Paraquedista, o coronel foi comandante do 26º Batalhão de Infantaria Paraquedista, unidade de elite do Exército. Carioca, deixou mulher e duas filhas.

OUTRAS VÍTIMAS*

Leonardo de Castro Carvalho (2º sargento)

Arí Dirceu Fernandes Júnior (cabo)

Kleber da Silva Santos (soldado)
*Até o fechamento desta edição, três nomes não haviam sido divulgados



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