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ONU quer impedir volta de gangues no Haiti
Tropa brasileira promove Operação Abafa, primeira ação de segurança em Porto Príncipe desde o terremoto
LUIS KAWAGUTI
EM PORTO PRÍNCIPE
Tropas brasileiras da Minustah (Missão das Nações Unidas
para a Estabilização do Haiti)
identificaram indícios da ação
de gangues armadas na favela
de Cité Soleil e planejam ações
para prender criminosos.
Na semana passada, o Brabatt (Batalhão Brasileiro) realizou na capital a Operação Abafa, para mostrar à população
que as tropas de paz estão no
país para fazer segurança, e não
só dar ajuda humanitária.
Pouco após as 6h da última
terça, colunas de seis blindados
armados com metralhadoras
pesadas seguidos por mais de
300 soldados a pé ou em Land
Rovers ocuparam em minutos
as ruas repletas de escombros
da região portuária. Foi a primeira operação de segurança
de larga escala desde o sismo.
Por cerca de cinco horas, os
militares fizeram patrulhas,
impedindo roubos e saques.
Eles não podiam abordar suspeitos nem revistar casas, pois
a Polícia Nacional do Haiti ainda está desfalcada por causa
das mortes ocorridas no terremoto do dia 12 de janeiro e não
cedeu homens suficientes para
participar da operação.
Funções de polícia judiciária
só podem ser feitas em conjunto com a polícia haitiana.
No fim da operação, um grupo de 60 militares permaneceu
no local fazendo patrulhamento ostensivo permanente.
A ação se repetiu na quarta
em Cité Soleil, na quinta em Cité Militaire e anteontem em
Bel Air. "O objetivo é mostrar
força e dissuadir os criminosos
de se organizarem", disse o coronel Ajax Porto Pinheiro, comandante do Brabatt.
Na maior parte da cidade não
há registro de ações de criminosos. As Nações Unidas se
preocupam, porém, com a ação
de 5.500 detentos que escaparam de prisões no dia do terremoto. Segundo a ONU, 200 foram recapturados até agora.
O único bairro que causa certa apreensão na tropa brasileira
é Boston, antigo território de
gangues situado em uma região
alta de Cité Soleil. Segundo o
coronel Alberto Barbosa Frazão, há cerca de 15 dias uma patrulha brasileira ouviu tiros de
fuzil no local. Denúncias reforçaram a suspeita de que membros de gangues se movimentem naquela área.
Desde então, um blindado e
um grupo de soldados passa o
dia vigiando a "base Jamaica",
território em Boston que em
2007 era usado como trincheira por facções criminosas. À
noite, porém, esses militares se
retiram, e a segurança no local
é feita por patrulhas a pé. Até
agora a tropa não foi atacada.
Segundo o coronel Pinheiro,
apesar de haver movimentação
de criminosos em Boston, eles
ainda não têm munição nem
capacidade para reorganizar
suas gangues.
Para impedir isso, o batalhão
está identificando suspeitos
para, a partir desta semana, fazer operações específicas para
prender criminosos.
E terão ajuda recém-chegada
do Brasil. Na semana passada,
começaram a desembarcar
parte dos 900 militares que formarão o Brabatt 2. O efetivo estará completo em 3 de março.
Do lado americano, a France
Presse informou que o general
Douglas Fraser, do Comando
Sul, anunciou que as tropas dos
EUA no Haiti foram reduzidas
de 20 mil para 13 mil.
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