São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Em encontro, Lula defende organismo de mediação de conflitos na região

LETICIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversa com a secretária de Estado americana no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a necessidade de criação de mecanismos de solução de controvérsias na América do Sul. Segundo relatos feitos à Folha, Rice não se manifestou então. Minutos depois, ao ser questionada sobre a proposta de Lula, a responsável pela política externa norte-americana elogiou a discussão sobre iniciativas de cooperação regional e disse confiar na liderança do Brasil na região.
"Não só não tenho problemas com isso como acredito na liderança do Brasil", disse Rice. Contudo, ela defendeu a OEA (Organização dos Estados Americanos), da qual os EUA fazem parte, como um fórum natural para discutir cooperação entre países no continente. "Sou totalmente a favor de cooperação regional, subregional, qualquer nível que se queira.
Obviamente, a OEA é um meio hemisférico de coordenação." Durante a crise diplomática da semana passada, o Brasil sugeriu que os EUA deixassem que o assunto fosse tratado pelos países da América Latina. A sugestão se baseava na resistência dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Rafael Corrêa (Equador) a Bush.
Na semana passada, Lula havia defendido a criação de um conselho de defesa regional. Disse que a América Latina não está preparada para conflitos. Ontem, o presidente não usou a palavra "conselho", mas, na prática, se referia a isso quando falou no mecanismo de solução de controvérsias. Em tese, um conselho poderia limitar a interferência dos EUA em questões do gênero na região.
A idéia já vinha sendo discutida pelo ministro Nelson Jobim (Defesa) antes da atual crise. No encontro, de cerca de 50 minutos, Lula e Rice discutiram a cooperação em projetos de ciência e tecnologia. Também falaram, sem grandes avanços, de dois temas polêmicos na relação Brasil-EUA: a produção de álcool e a eventual reforma do Conselho de Segurança da ONU. Lula fez Rice esperar dez minutos.


Colaborou IURI DANTAS


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