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Lugo reitera prazo para revisão de Itaipu
Presidente paraguaio diz a jornal que renegociação de dívida deve ser concluída até agosto, quando completa um ano no cargo
Assunção não diz, porém, que medidas serão tomadas em caso de fracasso; Lugo quer "destravar diálogo" em reunião com Lula em abril
DA REDAÇÃO
O presidente paraguaio, Fernando Lugo, reiterou em entrevista ao espanhol "El Mundo"
que o prazo para chegar a um
acordo com o Brasil sobre a hidrelétrica binacional de Itaipu
é 15 de agosto, quando seu governo completa um ano. Mas
não disse que medidas serão tomadas caso não se chegue a
uma solução negociada.
A persistência do impasse
entre os governos paraguaio e
brasileiro levou Lugo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
a acertarem para o próximo dia
8 um encontro em Brasília "para destravar politicamente as
negociações", disse à Folha Ricardo Canese, chefe da delegação paraguaia para Itaipu.
A renegociação da dívida da
usina foi tema central da campanha de Lugo à Presidência. O
cerne da reivindicação reside
na quantia que o Brasil paga
pela parte paraguaia da energia
produzida na hidrelétrica binacional. O Paraguai detém 50%
do produzido, mas utiliza apenas 6%. O restante é vendido
compulsoriamente ao Brasil.
Assunção reivindica "soberania energética", o que significa
principalmente liberdade para
vender a outros países a parte
não utilizada internamente e a
preço de mercado. O Brasil
abate nos repasses pela energia
a dívida contraída pelo Paraguai na construção de Itaipu.
Segundo Lugo, o repasse ao
Paraguai é hoje de US$ 109 milhões, valor que o Brasil ofereceu aumentar para US$ 200
milhões. A proposta, feita pelo
Brasil em reunião bilateral no
final de janeiro, foi considerada
insuficiente e rejeitada. "Queremos entre US$ 1,2 bilhão a
US$ 1,8 bilhão", afirmou.
"Primeiro, queremos esgotar
os meios bilaterais", garantiu o
presidente paraguaio. "Se nesse período não tivermos resposta...", disse, sem completar
a frase. Para Canese, o Paraguai
"não quer se adiantar" sobre
eventuais medidas em caso de
fracasso nas negociações.
Em abril do ano passado,
após a eleição de Lugo, o Brasil
admitiu discutir fórmulas de
aumentar o valor pago ao vizinho, mas rejeitou rever o Tratado de Itaipu -cuja legitimidade é questionada no Paraguai por ter sido firmado em
1973, quando vigoravam regimes militares nos dois países.
Em dezembro, o Paraguai
propôs ao Brasil repassar toda
a dívida de Itaipu, de US$ 19,6
bilhões -a serem pagos até
2023-, aos Tesouros nacionais. Do total, US$ 19 bilhões
ficariam com o Brasil -proporcionais ao consumo do país. O
chanceler Celso Amorim considerou "irrealista" a proposta.
(AMARO GRASSI)
Com a France Presse
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