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Ecologia virou lugar comum, diz banqueiro
DA REPORTAGEM LOCAL
O banqueiro inglês Hylton
Murray-Philipson é um dos diretores da ONG britânica Rainforest
Concern (Preocupação pelas florestas tropicais). Desde os anos
80, quando morou alguns anos no
Brasil dirigindo um banco de investimentos, Murray-Philipson
visita a Amazônia e a Mata Atlântica todos os anos. Em entrevista à
Folha, ele fala da onda verde que
faz sucesso no Reino Unido.
(RJL)
Folha - A que o senhor atribui essa onda verde?
Hylton Murray-Philipson - É algo
que já começou há alguns anos
em vários países. O que é interessante ver agora é como de repente
o ambiente virou "mainstream".
Tanto a esquerda quanto os conservadores querem participar e
mostrar sua consciência ecológica. E atores e celebridades refletem a sociedade. Ao se engajarem,
eles têm o poder de fazer a mídia
falar do assunto.
Folha - Mas parece que o Reino
Unido lidera essa onda.
Murray-Philipson - A Alemanha
é o país de maior consciência verde da Europa, a Espanha tem investido muito em energia solar.
Agora é a vez do Reino Unido.
David Cameron, o líder conservador, viu conservadorismo e conservacionismo como uma coisa
só. O capital não pode pensar de
uma forma estreita. Não dá para
fazer capital financeiro se onde
gastamos esse dinheiro, o capital
ambiental, está perdido.
O Reino Unido é uma pequena
e lotada ilha. Nós produzimos em
duas semanas o mesmo PIB que o
mundo inteiro produzia em 1900.
Levou até o início do século 19 para a Terra ter 1 bilhão de habitantes. Hoje, acrescentamos mais 1
bilhão a essa conta a cada quinze
anos. O impacto do homem se
tornou insustentável. As camadas
polares estão derretendo, as florestas sendo destruídas. Temos de
parar isso. Ser mais verde é uma
maneira lógica de reagir a todas
essas notícias. Não é nada idealista, é nosso próprio interesse.
Folha - A Amazônia mudou muito
desde que o senhor vai lá?
Philipson - As mudanças são assustadoras. A primeira vez que fui
à Amazônia foi em 1976. O Xingu
estava perdido em um oceano de
selva. Hoje, é uma ilha de preservação em um oceano de destruição. Eu assisti ao desaparecimento de várias florestas.
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