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São Paulo, segunda-feira, 14 de julho de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Mais da metade prefere viver no futuro Estado palestino; apenas 10% querem retornar ao território israelense

Maioria dos refugiados rejeita voltar a Israel

Nasser Ishtayeh/Associated Press
Cerca de cem militantes de grupos terroristas palestinos realizam manifestação em Nablus, na Cisjordânia, contra o plano de paz


DA REDAÇÃO

Apenas 10% dos refugiados palestinos e de seus descendentes manifestam o desejo de retornarem para as suas casas, de onde eles saíram entre 1948 e 49, durante a guerra que se sucedeu à criação do Estado de Israel.
A informação, divulgada ontem, é baseada em levantamento do Centro Palestino de Política e Pesquisa, realizado na Jordânia, no Líbano, na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
O resultado surpreende e poderá ser utilizado nas negociações do plano de paz. A questão dos refugiados, ao lado do futuro dos assentamentos judaicos e do status final de Jerusalém, é uma das mais delicadas do processo de negociação e deverá ser discutida apenas na última fase de implementação do plano de paz.
"Os refugiados que não optaram por voltar às terras de 1948 sabem que a vida em Israel significa ter cidadania israelense, viver debaixo de leis israelenses e conviver socialmente num ambiente israelense", afirmou Khalil Shikaki, diretor do centro.
Mais da metade dos entrevistados disseram que gostariam de voltar para um Estado Palestino independente, enquanto 17% afirmaram que ficariam nos locais em que atualmente têm suas casas e 2% se mudariam para um país estrangeiro. O restante rejeitou todas as opções. A pesquisa não consultou refugiados na Síria, pois as pesquisas de opinião estão proibidas naquele país.
Shikaki disse que pesquisas anteriores mostraram que 95% dos palestinos reclamavam o direito de retorno, mas que eles nunca haviam sido perguntados como gostariam de exercê-lo.
A margem de erro é de menos de três pontos percentuais para cima ou para baixo.
Durante a apresentação dos resultados da pesquisa, cerca de 200 ativistas palestinos atacaram o escritório de Shikaki em Ramallah, destruindo móveis e atirando ovos. "Estamos aqui para anunciar que nosso direito de retorno é sagrado", dizia um panfleto distribuído pelos ativistas. "Iremos resistir a qualquer tentativa de sabotar nosso direito de voltar."
Estima-se que 750 mil palestinos tenham fugido ou foram forçados a abandonar suas terras, após a criação do Estado de Israel em 1948 e a guerra que se seguiu.

Oposição israelense
O tema é explosivo até hoje, e os líderes palestinos exigem que os refugiados sobreviventes e seus descendentes -juntos somam cerca de 4 milhões de pessoas- possam voltar para Israel, como parte do acordo final de paz.
No passado, os palestinos argumentavam que, de fato, apenas alguns refugiados optariam pelo retorno a Israel, especialmente se lhes fossem oferecidas outras possibilidades, como o reassentamento num Estado palestino ou uma compensação monetária. A questão, para eles, é parte de um princípio apoiado por uma resolução da ONU, de 1948.
Mesmo israelenses considerados moderados rejeitam o risco que o fluxo maciço de palestinos para Israel, cuja população já é de 5,5 milhões de judeus e de 1,2 milhão de árabes, possa provocar.
Israel se opõe ao retorno dos refugiados, pois acredita que os judeus se tornariam uma minoria no Estado judaico.


Com agências internacionais


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