São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Grupo do Rio estuda convocar reunião sobre crise

FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Grupo do Rio estuda convocar nova reunião para discutir a crise hondurenha. A Chancelaria do México, que exerce a presidência rotativa do mecanismo diplomático regional, consulta os países-membros sobre o encontro, segundo a apurou a reportagem.
O Grupo do Rio, que tem 23 países -inclui Cuba, mas não EUA e Canadá-, reuniu-se na Nicarágua, um dia após a deposição do hondurenho Manuel Zelaya, e condenou o golpe.
Questionado sobre o tema, o Itamaraty disse que "o Brasil não se opõe à sua realização".
A nova reunião seria mais uma demonstração de pressão política sobre o governo que assumiu após o golpe. Há um temor de que o plano do interino Roberto Micheletti seja alongar a negociação com Zelaya, mediada pelo presidente costa-riquenho, Óscar Arias, e patrocinada pelos EUA.
A ideia seria enfraquecer pelo cansaço tanto o deposto como a atenção internacional até as eleições gerais de novembro.
O Brasil já disse que eleições organizadas pelo governo interino não serão suficientes para normalizar a situação do país.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) já esgotou as medidas de coerção previstas em seus estatutos. A entidade suspendeu Honduras por consenso de seus 34 países.
A pedido do Brasil, a OEA também exortou seus integrantes a revisarem as relações diplomáticas com Honduras.
Vários países retiraram embaixadores, mas não os EUA, que defendem que é mais produtivo manter um interlocutor de peso em solo hondurenho. Quanto à cooperação, Washington congelou a cooperação militar e parte da ajuda, mas ainda há um montante de US$ 180 milhões sob revisão.

OEA e Insulza
No momento em que o foco da questão hondurenha se desloca para o papel de Washington, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, viu-se obrigado ontem a defender suas gestões na crise, que teriam sido criticadas pelo Departamento de Estado.
Segundo o jornal chileno "El Mercurio", Washington avisou a Santiago que não apoiará a reeleição de Insulza para o cargo, em 2010. A presidente do Chile, Michelle Bachelet, negou. O chefe da diplomacia americana para a região e futuro embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, afirmou que "os EUA não expressaram sua opinião" ainda.
O motivo da irritação americana seria o excessivo alinhamento do chileno com o bloco chavista tanto agora como na revogação da suspensão de Cuba da OEA no mês passado.
O Brasil apoia a reeleição do chileno. Insulza foi eleito em 2005, após os EUA retirarem seu candidato, que, pela primeira vez na história, seria derrotado na entidade.


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