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Grupo do Rio estuda convocar reunião sobre crise
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Grupo do Rio estuda convocar nova reunião para discutir a crise hondurenha. A Chancelaria do México, que exerce a
presidência rotativa do mecanismo diplomático regional,
consulta os países-membros
sobre o encontro, segundo a
apurou a reportagem.
O Grupo do Rio, que tem 23
países -inclui Cuba, mas não
EUA e Canadá-, reuniu-se na
Nicarágua, um dia após a deposição do hondurenho Manuel
Zelaya, e condenou o golpe.
Questionado sobre o tema, o
Itamaraty disse que "o Brasil
não se opõe à sua realização".
A nova reunião seria mais
uma demonstração de pressão
política sobre o governo que assumiu após o golpe. Há um temor de que o plano do interino
Roberto Micheletti seja alongar a negociação com Zelaya,
mediada pelo presidente costa-riquenho, Óscar Arias, e patrocinada pelos EUA.
A ideia seria enfraquecer pelo cansaço tanto o deposto como a atenção internacional até
as eleições gerais de novembro.
O Brasil já disse que eleições
organizadas pelo governo interino não serão suficientes para
normalizar a situação do país.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) já esgotou
as medidas de coerção previstas em seus estatutos. A entidade suspendeu Honduras por
consenso de seus 34 países.
A pedido do Brasil, a OEA
também exortou seus integrantes a revisarem as relações diplomáticas com Honduras.
Vários países retiraram embaixadores, mas não os EUA,
que defendem que é mais produtivo manter um interlocutor
de peso em solo hondurenho.
Quanto à cooperação, Washington congelou a cooperação
militar e parte da ajuda, mas
ainda há um montante de US$
180 milhões sob revisão.
OEA e Insulza
No momento em que o foco
da questão hondurenha se desloca para o papel de Washington, o secretário-geral da OEA,
José Miguel Insulza, viu-se
obrigado ontem a defender
suas gestões na crise, que teriam sido criticadas pelo Departamento de Estado.
Segundo o jornal chileno "El
Mercurio", Washington avisou
a Santiago que não apoiará a
reeleição de Insulza para o cargo, em 2010. A presidente do
Chile, Michelle Bachelet, negou. O chefe da diplomacia
americana para a região e futuro embaixador dos EUA no
Brasil, Thomas Shannon, afirmou que "os EUA não expressaram sua opinião" ainda.
O motivo da irritação americana seria o excessivo alinhamento do chileno com o bloco
chavista tanto agora como na
revogação da suspensão de Cuba da OEA no mês passado.
O Brasil apoia a reeleição do
chileno. Insulza foi eleito em
2005, após os EUA retirarem
seu candidato, que, pela primeira vez na história, seria derrotado na entidade.
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