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Ocidente defende coalizão entre Karzai e opositores
Objetivo é evitar que o Afeganistão mergulhe numa crise política devido às denúncias de fraudes nas eleições do mês passado
Resultados finais devem ser anunciados na quinta-feira;
principal antagonista do atual presidente rejeita possibilidade de acordo
DO "FINANCIAL TIMES"
Para tentar evitar uma crise
política motivada pelos resultados contestados das eleições no
Afeganistão, potências ocidentais têm procurado encorajar
políticos de oposição a aceitar
um acordo e formar um governo de coalizão com o presidente Hamid Karzai.
Diplomatas esperam que
Karzai e seu principal antagonista, Abdullah Abdullah, derrotado na eleição, cheguem a
um acordo que evite longas
querelas sobre os resultados
das urnas do mês passado, justo
no momento em que os EUA
procuram implementar sua nova estratégia para conter o
avanço do Taleban.
Em mais um sinal do agravamento das condições de segurança no país, cerca de 50 pessoas foram mortas desde sexta-feira, entre elas 14 civis afegãos,
integrantes de forças de segurança e cinco soldados americanos, mortos em dois ataques
separados, por bombas em beira de estrada.
Ainda que muitos analistas
considerem a formação de algum tipo de coalizão como a
única possibilidade para superar as divisões internas deixadas por uma eleição manchada
por sinais de fraude generalizada, a perspectiva de um acordo
rápido parece remota. "Os EUA
e o Reino Unido estão trabalhando nos bastidores para tentar reconciliar Karzai e Abdullah", disse um diplomata. "Mas
não tem havido progresso."
Abdullah já disse que não trabalhará com Karzai -de quem
ele já foi ministro, em 2006-,
afirmando que a sua administração é muito corrupta. A relação dos países ocidentais com
Hamid Karzai também piorou
em meio aos sinais de fraudes
eleitorais que o beneficiaram.
Vários outros candidatos,
menos poderosos que Karzai e
Abdullah, parecem estar mais
abertos a negociações.
Sarwar Ahmedzai, candidato
com reduto eleitoral na Província de Logar, disse ter sido procurado por diplomatas que o
encorajaram a participar de
uma coalizão. "Tenho 90% de
certeza de que o resultado eleitoral levará à formação de um
governo de coalizão", disse. "Isso deve levar pouco mais de um
mês para ser atingido."
Recontagem
Preocupadas em não dar sinais de que estariam intervindo
na política interna do Afeganistão, as potências ocidentais pediram paciência na recontagem
de votos que podem alterar resultados preliminares que davam clara vitória para Karzai. A
previsão era que os resultados
finais fossem divulgados na
quinta-feira.
"Os EUA não estão trabalhando por um acordo de divisão de poder", disse Caitlin
Hayden, da embaixada americana em Cabul. "Em todo momento deixamos claro nosso
apoio ao processo eleitoral, e é
o que vamos continuar a fazer."
Apenas a recontagem, no entanto, dificilmente remediará
completamente a crescente
tensão política que ameaça polarizar ainda mais um país já dividido entre a ampla comunidade pashtun ao Sul, que apoia
Karzai, e as minorias do Norte,
base de Abdullah.
Um dos cenários possíveis
para a recontagem é a reversão
dos resultados parciais que dão
a Karzai 54% dos votos (com
28% para Abdullah) e a necessidade de realização de um segundo turno. Se isso acontecer,
o país poderá viver meses de incerteza, já que as fortes neves
do inverno devem adiar qualquer nova votação para a primavera, no ano que vem.
De toda forma, o cenário alternativo, em que alguns votos
sejam alterados mas a vitória
de Karzai seja ainda assim confirmada em primeiro turno,
também parece incapaz de satisfazer a oposição.
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