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Washington mudará regras para detentos no Afeganistão
DE NOVA YORK
Os EUA pretendem anunciar
mudanças no sistema de detenção de presos no Afeganistão.
Com as novas regras, as centenas de presos detidos em Bagram, ao norte de Cabul, terão
direito a tentar acabar com a
prisão por tempo indeterminado por meio da convocação de
testemunhas de defesa.
As mudanças poderão ser
anunciadas formalmente ainda
nesta semana. Elas fazem parte
de um processo de revisão de
práticas e políticas de detenção
adotadas no governo de George
W. Bush. O governo de Barack
Obama está decidindo quais serão revistas e quais deverão
permanecer.
As novas regras do Pentágono deverão designar um oficial
militar para representar cada
um dos mais de 600 prisioneiros. Eles não atuarão como advogados, mas deverão examinar provas contra os presos.
Um conselho formado por militares vai determinar se os detentos devem ser mantidos
presos pelos EUA, se devem ser
entregues a autoridades afegãs
ou se devem ser soltos.
O sistema é similar ao que foi
adotado em Guantánamo. Na
prática, os presos permanecerão sem julgamentos civis. A diferença é que os procedimentos
serão adotados no país dos detentos, onde poderia ser, em tese, mais fácil localizar testemunhas e provas.
Reforma
As condições da prisão de Bagram já foram alvo de repetidas
críticas das organizações de direitos humanos. Os detentos
são mantidos sem acesso a advogados ou mesmo sem o direito de saber o motivo pelo qual
foram presos. Alguns estão lá
há anos.
"Qualquer reforma no sistema de detenção americano no
Afeganistão é uma melhora,
mas ainda é preciso ver se os
novos procedimentos vão curar
os danos da arbitrariedade e da
prisão indefinida que foram as
marcas da detenção em Bagram", diz Sahr Muhammed
Ally, do Human Rights First.
Segundo organizações de direitos humanos, desde julho os
detentos têm recusado visitas
do Comitê Internacional da
Cruz Vermelha e recusado teleconferências com familiares
para protestar contra a prisão
por tempo indeterminado.
(JANAINA LAGE)
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