São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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Estratégia republicana inclui ataques pessoais

DE WASHINGTON

Os partidos Republicano e Democrata começaram a testar os limites da atual campanha eleitoral nos EUA e devem investir nos ataques pessoais nos próximos dias.
Na semana passada, o pré-candidato John Kerry, franco favorito à indicação democrata, já foi obrigado a responder a perguntas sobre uma suposta amante e a respeito de seu comportamento contrário à Guerra do Vietnã.
A Casa Branca, por seu lado, teve de dar explicações três vezes seguidas sobre a ficha militar do presidente George W. Bush, que atravessa uma nova e crescente crise de confiabilidade.
Entre os republicanos, a estratégia já delineada é pegar Kerry no contrapé e logo na saída. Ele será apresentado nos próximos dias em anúncios de TV como um liberal a favor do aborto e do casamento gay.
O senador por Massachusetts também será apresentado para boa parte dos americanos que ainda não se ocuparam com a eleição como um receptador de dinheiro político de poderosos lobbies norte-americanos.
Na sexta-feira, a campanha de Bush já havia iniciado a distribuição de material pela internet mostrando nomes de companhias que deram dinheiro nos últimos anos a Kerry e o interesse por trás de cada uma delas.
Os republicanos também foram acusados pelos democratas de estarem por trás de comentários sobre uma suposta amante de Kerry. Em um programa ao vivo na NBC, Kerry teve de negar a história anteontem pela manhã.
A estratégia de Bush é definir Kerry negativamente antes que o pré-candidato tenha tido chances de se apresentar.
A coleção de materiais para ataques inclui até operações financeiras lucrativas realizadas pelo casal John Kerry e Teresa Heinz com ações de empresas nas Bermudas -lembrando que, como senador, Kerry sempre combateu benefícios dados a companhias em paraísos fiscais.
Entre os democratas, a estratégia é amplificar, ainda durante a definição da candidatura Kerry, a atual fase de más notícias para o presidente. E os últimos dias não foram bons para Bush.
Na semana passada, o presidente ganhou capas em revistas e destaque em jornais de prestígio onde suas ""verdadeiras intenções" foram exploradas em temas como Iraque e economia.
A revista "Time", por exemplo, chegou a perguntar na capa: "Devemos acreditar nele ou não?", para responder depois que Bush "não disse a verdade" em vários assuntos relacionados à guerra.
Os democratas contam com esse noticiário desfavorável ao presidente para ganhar fôlego antes da fase mais dura da campanha.
Depois dos gastos na atual fase de escolha do candidato democrata, o partido terá de correr para levantar fundos para concorrer com a verba eleitoral de mais de US$ 130 milhões que Bush já tem em caixa -e que até o fim da campanha, deve chegar a US$ 200 milhões. (FERNANDO CANZIAN)


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