São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 1998

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Marinha quer transferir corpos de vítimas do Maine

de Washington

A Marinha dos EUA pretende vender o terreno onde estão enterrados os corpos das 266 vítimas da explosão do navio USS Maine.
Veteranos de guerra e associações cívicas de Key West, Flórida, estão indignadas com a decisão e se preparam para resistir.
O Congresso dos EUA resolveu em 1997 que as Forças Armadas devem se desfazer de todas as propriedades que não têm utilidade operacional. A Marinha acha que este é o caso do lote em Key West. Afirma que os corpos dos marinheiros serão levados para cemitérios nacionais e tratados com respeito. Mas vários líderes comunitários acham que a memória nacional será vilipendiada.
A guerra insuflou os ânimos patrióticos dos norte-americanos no final do século 19. O inimigo externo ajudou a fechar as feridas da Guerra Civil (1861-1865). O êxito militar rápido alimentou sonhos de dominação imperialista.
A vitória norte-americana foi conquistada no mar e pela artilharia. A infantaria dos EUA era pouco mais de um décimo da espanhola (27 mil contra 200 mil). Mesmo assim, morreram só 385 norte-americanos em combate (1.662 ficaram feridos, e 2.061 morreram de doenças tropicais).
O entusiasmo da opinião pública foi animado também por jornais sensacionalistas que multiplicavam sua circulação com relatos detalhados de combates e manchetes nacionalistas como ""Lembre-se do Maine; ao Inferno com a Espanha", do ""New York Journal", de William Hearst.
É dessa época o famoso incidente em que, segundo a lenda, Hearst disse em telegrama para um ilustrador do jornal que queria voltar de Cuba porque a guerra não começava: ""Você faz as ilustrações; a guerra, eu me encarrego de fazer".
Key West, hoje uma cidade turística, fica a apenas 145 km de Havana e foi o último porto norte-americano em que o Maine esteve antes de ir para Cuba. Alguns cidadãos acham que a venda vai ser um bom negócio para a cidade, porque o terreno do cemitério poderá abrigar apartamentos, hotéis, restaurantes e shoppings. (CELS)



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