São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Deportada, cafetina brasileira relata abusos

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Apontada como informante do FBI no escândalo que derrubou o governador de Nova York, a prostituta e cafetina brasileira Andréia Schwartz, 33, diz que teve dinheiro roubado por policiais americanos, que foi maltratada na prisão e que está muito aliviada por voltar, enfim, ao Brasil.
As informações foram ditas à Folha, por telefone, por Joseph (que revelou o sobrenome), que acompanhava a capixaba ontem, quando era previsto que ela embarcasse para São Paulo em vôo da companhia aérea American Airlines, em cumprimento à sua sentença de deportação, proferida no dia 5 de março.
Da capital paulista, Andréia seguiria para Vitória (ES). Sua mãe mora em Vila Velha.
"Roubaram dinheiro dela. Tiraram dinheiro da bolsa dela", disse Joseph, sem confirmar a informação, apurada pela Folha, de que eles namoram.
Quem roubou? A polícia? "Sim! Eles roubaram muito dinheiro. Trataram ela muito mal porque ela era brasileira. Ela foi maltratada na prisão", diz o rapaz na conversa, em inglês. Ele se recusou a revelar outros detalhes.
Schwartz estava presa desde junho de 2006. Ela foi condenada por posse de drogas, lavagem de dinheiro e exploração de prostituição. Antes, ela mantinha seu negócio de cafetinagem de luxo em um apartamento de US$ 1,2 milhão em Manhattan e tinha na clientela, segundo declarou na Justiça, grandes executivos como Wayne Pace, da Time Warner.
A conexão da capixaba com o escândalo foi o Emperors Club VIP, onde ela havia trabalhado anos antes. Na quinta-feira, uma reportagem do jornal sensacionalista "New York Post" relatou que Schwartz foi informante do FBI na investigação sobre a rede. Ela contou, diz o jornal, que a casa de prostituição tinha como fachada uma empresa chamada Qat Consulting, para a qual o governador democrata Eliot Spitzer fez transferências irregulares estimadas em até US$ 80 mil.
Um programa com as garotas do Emperors custava de US$ 1.000 a US$ 5.500. A prostituta Ashley Alexandra Dupre, 22, costumava viajar de Nova York a Washington exclusivamente para se encontrar com o Spitzer, que renunciou ao cargo depois que esse quebra-cabeça veio à tona.

Informante
Sobre a possibilidade de Schwartz ter sido informante no caso, Joseph não nega nem confirma a informação. "Não sei ainda o que ela dirá sobre isso. Pergunte para ela quando ela voltar ao Brasil."
Sobre o retorno ao Espírito Santo, ele diz: "Ela está muito feliz. Muito feliz mesmo. A mãe dela está muito feliz por saber que ela vai voltar."
Joseph também afirma que Schwartz está magoada com a imprensa americana, pelo tratamento que foi dado a ela em sua prisão, em 2006, e na divulgação de que ela foi informante do FBI. "Tem muitos jornalistas maus aqui", disse ele.


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