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Islamabad censura TV e perde ministra
Sherry Rehman, do governista PPP, entrega o cargo após bloqueio do sinal de TVs, atribuído ao presidente Zardari
Linha-dura contra protestos da oposição divide PPP, o mais liberal dos grandes partidos paquistaneses; governo acena com recuo
DA REDAÇÃO
A ministra paquistanesa da
Informação, Sherry Rehman,
renunciou ontem, após denúncias de censura à transmissão
de protestos contra o governo.
O sinal das redes independentes TV Geo, a maior do país, e da
AAJ TV, foi bloqueado em várias cidades. A TV Geo acusa o
presidente, Asif Ali Zardari, de
ordenar a censura.
A renúncia da Rehman, durante a madrugada, foi um ato
de resistência ao controle da
mídia, segundo a imprensa paquistanesa. A saída da ministra,
inicialmente recusada pelo
premiê Yousuf Raza Gilani, foi
confirmada por Rehman ontem de manhã. A Presidência
nega ter interferido nas transmissões, normalizadas ontem.
A censura remete ao cenário
de convulsão social e repressão
que marcou os últimos meses
de governo do ex-ditador Pervez Musharraf e culminou no
fim do regime militar, em 2008.
A oposição a Musharraf unia os
rivais PPP (Partido do Povo Paquistanês, de centro-esquerda), atualmente no governo, e
PLM-N (Partido da Liga Muçulmana -Nawaz, nacionalista
e conservador moderado),
maior legenda de oposição.
A cassação dos direitos políticos do ex-premiê Nawaz Sharif e de seu irmão -governador
da mais rica Província paquistanesa, substituído por um aliado de Zardari- foi o estopim da
atual onda de protestos, que
exige o retorno dos juízes afastados pelo ex-ditador.
O governo reagiu com truculência, prendendo mais de 350
opositores e proibindo protestos nas duas principais Províncias, Sindh e Punjab. Mas, pressionado pelas Forças Armadas
e pela Casa Branca, Zardari negocia agora a devolução do governo do Punjab à oposição.
A instabilidade paquistanesa
prejudica o projeto americano
de estabilizar a situação no vizinho Afeganistão -as regiões de
fronteira são base de combatentes do Taleban.
A volta dos juízes tem amplo
apoio popular e era endossada
pelo PPP em campanha, mas
foi vetada por Zardari. O retorno do presidente afastado da
Suprema Corte ameaçaria a
anistia contra ele em processos
por corrupção.
Viúvo da carismática Benazir
Bhutto, ex-premiê morta em
atentado em dezembro de
2007, Zardari foi indicado para
a Presidência pela cúpula do
PPP (a eleição é indireta), mas
nunca teve apoio popular.
Com agências internacionais
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