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IRAQUE SOB TUTELA
Situação difícil no Iraque leva mais americanos a defender a abstenção do seu país nas questões internacionais
Cresce isolacionismo nos EUA, diz pesquisa
DO "USA TODAY"
Os americanos, ansiosos com
relação aos custos da Guerra do
Iraque e ao impacto que o conflito
possa exercer sobre a economia
mundial, hesitam cada vez mais
quanto ao envolvimento de seu
país em operações internacionais.
Em pesquisa do "USA Today" e
do instituto Gallup, cerca de metade dos entrevistados afirmou
que os EUA "deveriam se concentrar em seus interesses, internacionalmente, e deixar que os outros países avancem como melhor
puderem, sem interferência".
Três anos atrás, apenas um terço
dos consultados se sentia assim.
"Aparentemente, uma posição
mais introspectiva vem ganhando
força ao longo do espectro da sociedade americana", disse Charles
Kupchan, ex-assessor do Departamento de Estado e do Conselho
de Segurança Nacional e hoje professor na Universidade Georgetown. Ele classifica a mudança como "conseqüência inevitável da
situação no Iraque".
Esse clima de isolacionismo se
torna aparente não apenas na
proporção de americanos que desejam que os soldados dos EUA
sejam retirados total ou parcialmente do Iraque, que chega a
64%. Também se pode perceber
sua influência nas preocupações
quanto à imigração ilegal -80%
dos entrevistados a classificam
como "completamente descontrolada".
A atitude com relação ao comércio internacional também
piorou. Dois terços dos entrevistados disseram que os trabalhadores americanos são os mais
prejudicados. Além disso, 50%
disseram que as empresas americanas são as mais prejudicadas;
39% pensam o contrário.
Em seu Discurso sobre o Estado
da União, em janeiro, e em numerosas ocasiões desde então, o presidente George W. Bush vem lançando alertas quanto ao isolacionismo e ao protecionismo. "Trata-se de um momento de definição para esses debates, em minha
opinião", ele declarou na segunda-feira em discurso na universidade Johns Hopkins. "Minha posição é clara: sou completamente
favorável a que os EUA mantenham seu envolvimento com o
resto do mundo".
O crescente ceticismo quanto
aos benefícios do envolvimento
internacional pode dificultar a
obtenção de apoio, pela Casa
Branca, a iniciativas internacionais como tratados de comércio e
missões militares.
No entanto Ivo Daalder, do Instituto Brookings, e outros críticos
alegam que o presidente vem tentando classificar divergências de
opinião quanto ao Iraque como
isolacionismo. "Ele está usando o
termo isolacionismo como ferramenta política", disse Daalder.
As tendências de opinião pública lembram a situação que existia
durante a Guerra do Vietnã. Em
1964, quando os EUA começaram
a concentrar forças militares no
Vietnã do Sul, apenas 20% dos
americanos consideravam que o
país deveria "cuidar de seus assuntos". Quando os protestos
contra a guerra atingiram sua
maior plenitude, em 1972, essa
porcentagem havia dobrado.
O desejo de abandonar envolvimentos internacionais chegou a
um pico quando a Guerra Fria
acabou, mas houve uma reversão
da tendência depois dos ataques
terroristas de 11 de setembro de
2001. Por volta de dezembro de
2002, o apoio ao envolvimento internacional era o mais elevado já
registrado depois do Vietnã.
A situação voltou a se alterar
com a invasão do Iraque, em março de 2003.
Tradução de Paulo Migliacci
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