São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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Israel dá recepção fria a Carter, que verá Hamas

Ex-presidente dos EUA não teve segurança local

DA REDAÇÃO

O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter (1977-81) foi recebido com frieza em Israel, a primeira parada de sua viagem pelo Oriente Médio. O democrata, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz pela mediação do acordo de paz entre Israel e o Egito, em 1979, não será recebido pelo premiê israelense, Ehud Olmert. Além disso, o governo israelense não providenciou a Carter a segurança do Shin Bet -o serviço secreto- em sua visita à cidade de Sderot, ontem.
O tratamento pouco usual a um ex-presidente dos EUA é uma resposta à intenção de Carter de se encontrar com o líder do grupo extremista Hamas Khaled Meshaal, que vive exilado na Síria, e à publicação de seu livro "Palestina: Paz e não Apartheid", no ano passado -a obra compara a ocupação dos territórios palestinos ao segregacionismo racial que vigorou oficialmente na África do Sul até o início dos anos 90.
O democrata chegou a Israel afirmando considerar importante incluir o Hamas, além da Síria, nas negociações de paz israelo-palestinas e se ofereceu como "canal de comunicação" entre o grupo islâmico, seu país e Israel. Vencedor das eleições legislativas palestinas de 2006, o Hamas se apoderou em junho de 2007 da faixa de Gaza e teve seus dirigentes expulsos da Cisjordânia, onde o laico Fatah mantêm um governo aliado dos ocidentais.
Sobre o encontro com Meshaal na Síria, marcado para sexta-feira, Carter afirmou querer tratar da libertação do soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado pelo Hamas em 2006. Ao jornal israelense "Haaretz" o pai do soldado, Noam Shalit, afirmou que, por não ser visto como pró-Israel, o americano pode ajudar.
Também incomodada com o encontro com Meshaal, a Casa Branca declarou ontem que Jimmy Carter não representa o governo dos EUA em sua visita, que faz em nome próprio e de sua ONG, o Centro Carter.
Em Sderot, freqüente alvo de foguetes disparados a partir de Gaza, Carter afirmou que é "um crime desprezível contra qualquer esforço [pela paz] matar civis inocentes". A maior autoridade israelense a receber Carter foi o presidente Shimon Peres, que, segundo o "Haaretz", criticou-o duramente pelo livro "Palestina: Paz e não Apartheid". Jimmy Carter visitará também, além da Síria, a Cisjordânia, o Egito, a Arábia Saudita e a Jordânia.


Com agências internacionais


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