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ORIENTE MÉDIO
Premiê de Israel diz que só volta a negociar se houver mudanças no "regime corrupto do terror" de Arafat
Sharon condiciona paz a reforma palestina
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Ariel Sharon, descartou ontem negociações de paz com os palestinos enquanto não forem feitas reformas
no que ele chamou de "regime
corrupto do terror" de Iasser Arafat.
Num duro discurso no Parlamento, Sharon afirmou também
que o país ainda não concluiu sua
campanha para destruir as bases
de grupos terroristas e que continuará a realizar incursões nos territórios controlados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP).
"Não pode haver paz com um
regime corrupto do terror que é
podre e ditatorial.(...) É preciso
haver uma Autoridade [Palestina" diferente", declarou.
Saeb Erekat, negociador-chefe
palestino, disse que Sharon "interrompeu as negociações e continua tentando ditar sobre a vida
dos palestinos". "Ele continua
usando pretextos para bloquear
qualquer estrada que leve à mesa
de negociações", completou.
O discurso de Sharon não trouxe mudanças políticas, apesar de
pressões internacionais para que
aproveite o momento de relativa
calma para retomar o diálogo.
Suas palavras vieram dois dias
após ter sido derrotado em encontro do Comitê Central de seu
partido, o Likud, que aprovou
moção em que se opõe ao estabelecimento de um Estado palestino. O premiê evitou fazer referências ao termo "Estado palestino"
ontem. Segundo pesquisa de opinião publicada no diário "Yediot
Ahronot", 68% dos israelenses
aprovam a posição adotada por
Sharon na reunião de domingo
-ele defendia um adiamento da
votação da moção.
A sondagem mostrou ainda que
o primeiro-ministro teria vantagem sobre o ex-premiê Binyamin
Netanyahu se o pleito para líder
do Likud fosse realizado hoje.
Netanyahu, com plataforma política mais à direita que Sharon,
vem ganhando popularidade e
quer ser o candidato likudista a
premiê nas eleições gerais de novembro de 2003. Ele foi o principal articulador da proposta condenando a eventual fundação de
um Estado palestino.
As propostas do líder israelense
de reforma na ANP seguem a linha diplomática apresentada recentemente pelos EUA. Embora
critiquem Sharon por condicionar o diálogo a reformas, Arafat e
seus ministros já esboçam, ao menos no plano retórico, intenções
de promover mudanças para recuperar credibilidade.
Arafat reuniu ontem o comitê
central de seu partido, o Fatah,
para discutir reformas. Após a
reunião, anunciou que fará hoje
um discurso ao Conselho Legislativo Palestino (CLP). Ainda não se
sabe e ele anunciará um pacote reformista ou se vai se pronunciar
contra aqueles que o pressionam
a reformular seu regime.
Hatam Al Kader Eid, membro
do CLP, disse que a liderança palestina planeja criar certos limites
aos poderes do presidente da
ANP, Iasser Arafat.
Em entrevista ao diário árabe
"Al Hayat", Kader contou que um
documento com as linhas gerais
para reformas institucionais na
ANP e no Fatah está sendo preparado. A sua implementação significaria que "Arafat teria de abrir
mão de parte de sua autoridade".
Os palestinos comemoram hoje
o Dia da Naqba (catástrofe), em
memória à criação de Israel, em
1948, provocando o êxodo de pelo
menos 750 mil palestinos. A população da Cisjordânia e da faixa
de Gaza deve participar de marchas em razão da data, o que poderia resultar, como no passado, em choques com soldados israelenses.
Prisões
Incursões militares israelenses
em quatro vilarejos da Cisjordânia ontem resultaram na morte de
dois membros dos serviços de inteligência da Autoridade Nacional Palestina, perto de Hebron (Cisjordânia), além da prisão de 14 palestinos procurados.
Com agências internacionais
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