São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Premiê de Israel diz que só volta a negociar se houver mudanças no "regime corrupto do terror" de Arafat

Sharon condiciona paz a reforma palestina

DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ariel Sharon, descartou ontem negociações de paz com os palestinos enquanto não forem feitas reformas no que ele chamou de "regime corrupto do terror" de Iasser Arafat.
Num duro discurso no Parlamento, Sharon afirmou também que o país ainda não concluiu sua campanha para destruir as bases de grupos terroristas e que continuará a realizar incursões nos territórios controlados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP).
"Não pode haver paz com um regime corrupto do terror que é podre e ditatorial.(...) É preciso haver uma Autoridade [Palestina" diferente", declarou.
Saeb Erekat, negociador-chefe palestino, disse que Sharon "interrompeu as negociações e continua tentando ditar sobre a vida dos palestinos". "Ele continua usando pretextos para bloquear qualquer estrada que leve à mesa de negociações", completou.
O discurso de Sharon não trouxe mudanças políticas, apesar de pressões internacionais para que aproveite o momento de relativa calma para retomar o diálogo.
Suas palavras vieram dois dias após ter sido derrotado em encontro do Comitê Central de seu partido, o Likud, que aprovou moção em que se opõe ao estabelecimento de um Estado palestino. O premiê evitou fazer referências ao termo "Estado palestino" ontem. Segundo pesquisa de opinião publicada no diário "Yediot Ahronot", 68% dos israelenses aprovam a posição adotada por Sharon na reunião de domingo -ele defendia um adiamento da votação da moção.
A sondagem mostrou ainda que o primeiro-ministro teria vantagem sobre o ex-premiê Binyamin Netanyahu se o pleito para líder do Likud fosse realizado hoje.
Netanyahu, com plataforma política mais à direita que Sharon, vem ganhando popularidade e quer ser o candidato likudista a premiê nas eleições gerais de novembro de 2003. Ele foi o principal articulador da proposta condenando a eventual fundação de um Estado palestino.
As propostas do líder israelense de reforma na ANP seguem a linha diplomática apresentada recentemente pelos EUA. Embora critiquem Sharon por condicionar o diálogo a reformas, Arafat e seus ministros já esboçam, ao menos no plano retórico, intenções de promover mudanças para recuperar credibilidade.
Arafat reuniu ontem o comitê central de seu partido, o Fatah, para discutir reformas. Após a reunião, anunciou que fará hoje um discurso ao Conselho Legislativo Palestino (CLP). Ainda não se sabe e ele anunciará um pacote reformista ou se vai se pronunciar contra aqueles que o pressionam a reformular seu regime.
Hatam Al Kader Eid, membro do CLP, disse que a liderança palestina planeja criar certos limites aos poderes do presidente da ANP, Iasser Arafat.
Em entrevista ao diário árabe "Al Hayat", Kader contou que um documento com as linhas gerais para reformas institucionais na ANP e no Fatah está sendo preparado. A sua implementação significaria que "Arafat teria de abrir mão de parte de sua autoridade".
Os palestinos comemoram hoje o Dia da Naqba (catástrofe), em memória à criação de Israel, em 1948, provocando o êxodo de pelo menos 750 mil palestinos. A população da Cisjordânia e da faixa de Gaza deve participar de marchas em razão da data, o que poderia resultar, como no passado, em choques com soldados israelenses.

Prisões
Incursões militares israelenses em quatro vilarejos da Cisjordânia ontem resultaram na morte de dois membros dos serviços de inteligência da Autoridade Nacional Palestina, perto de Hebron (Cisjordânia), além da prisão de 14 palestinos procurados.


Com agências internacionais

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