São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Confrontos na Tailândia matam ao menos 10

Pelo segundo dia seguido, militares entram em choque com manifestantes antigoverno acampados na capital, Bancoc

Há dois meses, "camisas vermelhas" pedem a saída do premiê Abhisit Vejjajiva, acusado de chegar ao poder após manipular a Justiça


DA REDAÇÃO

Ao menos dez pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas no segundo dia consecutivo de choques entre militares tailandeses e manifestantes antigoverno acampados na capital, Bancoc, há dois meses.
Um dos feridos é um jornalista canadense que trabalha para a TV France 24. Nelson Rand levou três tiros -no abdome, na perna e no pulso- e está em condição "muito crítica", segundo a emissora.
Soldados atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os chamados "camisas vermelhas", que lançavam coquetéis molotov e foguetes caseiros de seu acampamento, num dos principais distritos financeiros da cidade, cercado por hotéis de luxo e shopping centers.
Explosões ecoaram pelas ruas vazias. Nuvens de fumaça subiam entre os arranha-céus. A deterioração da segurança aumentou o temor de que a Tailândia -uma importante aliada de Washington e segunda maior economia do Sudeste Asiático- esteja caminhando para a instabilidade.
No início, os confrontos de ontem estavam confinados a uma pequena área que abriga diversas embaixadas. As representações de EUA, Reino Unido, Japão, entre outras, tiveram de ser fechadas.
A Embaixada do Brasil avisou que os confrontos poderiam causar alterações nos seus horários de funcionamento.
À tarde, os choques já haviam se espalhado pela área de três quilômetros quadrados na qual os "camisas vermelhas" estão acampados.
Os cerca de 10 mil manifestantes chegaram a Bancoc em 12 de março. Grupo formado principalmente por pobres das áreas rurais do norte do país, eles protestam contra o premiê Abhisit Vejjajiva, acusado de chegar ao poder por meio da manipulação da Justiça e com apoio do Exército.
Em 2006, os militares destituíram o então premiê Thaksin Shinawatra -apoiado pelos "camisas vermelhas"- por meio de um golpe de Estado.
Dois governos subsequentes, pró-Thaksin, caíram após decisões judiciais e protestos dos opositores "camisas amarelas". Abhisit, então, foi eleito pelo Parlamento.
Na semana passada, o premiê propôs aos "camisas vermelhas" -muitos dos quais defendem a volta de Thaksin ao cargo- a antecipação das eleições para novembro. Mas a expectativa de um acordo caiu por terra quando os manifestantes fizeram novas demandas.

General rebelde
Os confrontos dos últimos dois dias começaram depois que um general rebelde do Exército, acusado de criar uma força paramilitar para os manifestantes, foi atingido por um tiro na cabeça, anteontem.
O diretor do hospital para onde ele foi levado disse que Khattiya Sawasdiphol pode "morrer a qualquer momento".
Os dois meses de protestos geraram uma crise na Tailândia que já deixou ao menos 39 mortos, mais de 1.400 feridos, paralisou partes de Bancoc e assustou investidores. A violência também prejudica o vital setor de turismo, responsável por 6% da economia tailandesa.
Em 10 de abril, 25 pessoas foram mortas em choques entre militares e "camisas vermelhas". Outras quatro morreram posteriormente.
Em mensagem postada do exílio no Twitter, o ex-premiê Thaksin disse que os membros do atual governo acabarão "como criminosos de guerra" no Tribunal Penal Internacional.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Dissidente condenada é libertada em Cuba
Próximo Texto: Eleição no Iraque: Órgão diz não ter encontrado fraude em recontagem parcial
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.