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Confrontos na Tailândia matam ao menos 10
Pelo segundo dia seguido, militares entram em choque com manifestantes antigoverno acampados na capital, Bancoc
Há dois meses, "camisas vermelhas" pedem a saída do premiê Abhisit Vejjajiva, acusado de chegar ao poder após manipular a Justiça
DA REDAÇÃO
Ao menos dez pessoas morreram e mais de cem ficaram
feridas no segundo dia consecutivo de choques entre militares tailandeses e manifestantes
antigoverno acampados na capital, Bancoc, há dois meses.
Um dos feridos é um jornalista canadense que trabalha para
a TV France 24. Nelson Rand
levou três tiros -no abdome,
na perna e no pulso- e está em
condição "muito crítica", segundo a emissora.
Soldados atiraram bombas
de gás lacrimogêneo e balas de
borracha contra os chamados
"camisas vermelhas", que lançavam coquetéis molotov e foguetes caseiros de seu acampamento, num dos principais distritos financeiros da cidade,
cercado por hotéis de luxo e
shopping centers.
Explosões ecoaram pelas
ruas vazias. Nuvens de fumaça
subiam entre os arranha-céus.
A deterioração da segurança
aumentou o temor de que a
Tailândia -uma importante
aliada de Washington e segunda maior economia do Sudeste
Asiático- esteja caminhando
para a instabilidade.
No início, os confrontos de
ontem estavam confinados a
uma pequena área que abriga
diversas embaixadas. As representações de EUA, Reino Unido, Japão, entre outras, tiveram de ser fechadas.
A Embaixada do Brasil avisou que os confrontos poderiam causar alterações nos seus
horários de funcionamento.
À tarde, os choques já haviam
se espalhado pela área de três
quilômetros quadrados na qual
os "camisas vermelhas" estão
acampados.
Os cerca de 10 mil manifestantes chegaram a Bancoc em
12 de março. Grupo formado
principalmente por pobres das
áreas rurais do norte do país,
eles protestam contra o premiê
Abhisit Vejjajiva, acusado de
chegar ao poder por meio da
manipulação da Justiça e com
apoio do Exército.
Em 2006, os militares destituíram o então premiê Thaksin
Shinawatra -apoiado pelos
"camisas vermelhas"- por
meio de um golpe de Estado.
Dois governos subsequentes,
pró-Thaksin, caíram após decisões judiciais e protestos dos
opositores "camisas amarelas".
Abhisit, então, foi eleito pelo
Parlamento.
Na semana passada, o premiê
propôs aos "camisas vermelhas" -muitos dos quais defendem a volta de Thaksin ao cargo- a antecipação das eleições
para novembro. Mas a expectativa de um acordo caiu por terra
quando os manifestantes fizeram novas demandas.
General rebelde
Os confrontos dos últimos
dois dias começaram depois
que um general rebelde do
Exército, acusado de criar uma
força paramilitar para os manifestantes, foi atingido por um
tiro na cabeça, anteontem.
O diretor do hospital para
onde ele foi levado disse que
Khattiya Sawasdiphol pode
"morrer a qualquer momento".
Os dois meses de protestos
geraram uma crise na Tailândia
que já deixou ao menos 39 mortos, mais de 1.400 feridos, paralisou partes de Bancoc e assustou investidores. A violência
também prejudica o vital setor
de turismo, responsável por 6%
da economia tailandesa.
Em 10 de abril, 25 pessoas foram mortas em choques entre
militares e "camisas vermelhas". Outras quatro morreram
posteriormente.
Em mensagem postada do
exílio no Twitter, o ex-premiê
Thaksin disse que os membros
do atual governo acabarão "como criminosos de guerra" no
Tribunal Penal Internacional.
Com agências internacionais
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