São Paulo, Quinta-feira, 15 de Julho de 1999
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Greve traduz caos no Equador

do Conselho Editorial

O presidente equatoriano, Jamil Mahuad, prorrogou ontem o estado de emergência decretado depois que uma greve dos transportes jogou o país no caos.
Estado de emergência, neste caso, não é só figura institucional.
A Frente Patriótica, conglomerado formado pelos sindicatos de transporte, de professores e pela poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, não quer mais apenas a revogação do novo aumento dos combustíveis (já concedida). Quer mudar toda a política econômica ensaiada por Mahuad e que segue o receituário neoliberal.
Foi exatamente um dos pontos do receituário (eliminar subsídios) que desatou o caos. O governo pretendia impor novo aumento de combustíveis (13,1%), do que resultou a greve dos transportes, à qual se somarão os professores, a partir do dia 21.
Mas aumentos e greves são apenas o pano de fundo para dificuldades econômicas que vêm de 98.
"Desde 1989, o Equador jamais havia terminado um ano com indicadores tão ruins", escreve Carlos Cortez Castro, editor de "El Financiero", de Guayaquil.
Cortez Castro tem razão: a inflação de 98 foi de 43,4%, a mais alta da América Latina. O dólar subiu 54,1%, mais que a inflação, "fenômeno único na história cambial dos últimos 30 anos", sempre segundo Cortez Castro.
A economia cresceu apenas 0,8%. Consequência inexorável: sobe igualmente o desemprego, que já afeta entre 12% e 14% da força de trabalho equatoriana, sem contar os cerca de 50% de subempregados. (CR)

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