São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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De novo, paz esbarra nos assentamentos

Mediado por EUA, encontro entre palestinos e israelenses no Egito mostra poucos avanços nos temas sensíveis

Mitchell, enviado do governo dos EUA, pede extensão da moratória sobre colônias de Israel na Cisjordânia ocupada

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A SHARM EL SHEIKH (EGITO)

O governo americano reforçou a pressão sobre israelenses e palestinos, mas não conseguiu romper o impasse que ameaça a retomada do processo de paz.
O encontro entre o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, mostrou alguns avanços, levando-se em conta que era apenas o segundo contato direto entre os dois em mais de um ano e meio de paralisia.
Mas deixou clara a dificuldade em remover o principal entrave, a polêmica expansão de assentamentos judaicos nos territórios palestinos. Israel decretou moratória de dez meses nas construções, mas já declarou que as obras serão reiniciadas no fim do prazo, 26 de setembro.
Os palestinos ameaçam abandonar as conversas se o congelamento não for mantido integralmente.
Realizada no balneário egípcio de Sharm el Sheikh, a cúpula foi marcada por sigilo e cautela. Abbas e Netanyahu tiveram três reuniões. Numa, estava o líder egípcio Hosni Mubarak, em outra a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
No único pronunciamento oficial da cúpula, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, defendeu a manutenção da moratória. Ele não citou avanços concretos, alegando que era melhor manter a discrição.
Mas reconheceu as dificuldades do premiê israelense em ceder em relação aos assentamentos, devido às pressões de seu gabinete. "Este é um tema politicamente sensível em Israel", afirmou o veterano negociador, pedindo ao presidente Abbas "que dê passos para encorajar o processo de paz".
Fontes próximas às negociações contam que o governo americano tenta convencer israelenses a limitar as construções ao máximo, e os palestinos a continuar a negociação mesmo que as obras recomecem.

ESTADO JUDEU
O negociador Nabil Shaath manteve a posição palestina. "Para nós, não pode haver conversas sobre o fim da ocupação enquanto a ocupação continua se aprofundando."
Israel prefere deixar para o fim das negociações o destino dos assentamentos, mas insiste em incluir na agenda um tema ligado ao acordo final, a exigência de que os palestinos reconheçam o país como o Estado judeu.
"O que queremos é o fim do conflito, para que não haja reivindicações futuras", disse o secretário do gabinete israelense, Zvi Hauser. Hoje, as negociações prosseguem em Jerusalém.

FOLHA.com

Leia relato do enviado especial
folha.com.br/mu798869


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