São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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PROLIFERAÇÃO NUCLEAR

Embaixador americano na ONU, John Bolton, afirma que Teerã entregaria artefatos a terroristas

Irã busca a bomba há 18 anos, dizem EUA

DA REDAÇÃO

O embaixador americano na ONU, John Bolton, afirmou ontem que o Irã desenvolve clandestinamente há 18 anos um programa para a produção de armas atômicas, e que elas poderiam também ser entregues a grupos terroristas islâmicos.
Bolton se encontrava em Londres para participar de uma conferência, e suas afirmações foram feitas em entrevista à BBC. É a mais comprometedora manifestação de um integrante do primeiro escalão da administração Bush contra o regime iraniano.
Se a sua revelação for fundamentada, ela pode representar o malogro da missão da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), recém-premiada com o Nobel da Paz. Apesar de conflitos e claras razões de desconfiança, ela monitora de perto o programa nuclear iraniano.
A AIEA em nenhum momento afirmou que as intenções militares do Irã eram tão antigas quanto o embaixador ontem declarou.
Analistas acreditam que Bolton, ao estimular novamente o temor ao Irã e ao associá-lo ao terrorismo islâmico, possa estar procurando criar um clima que reforce o papel e a liderança do presidente George W. Bush como guardião dos interesses americanos na área da segurança.
Bush, conforme demonstraram pesquisas publicadas anteontem, está com uma taxa de aprovação excepcionalmente baixa -pela primeira vez inferior a 40%- e tem uma maioria consistente da opinião pública na oposição a sua política para o Iraque.
O Irã forneceu pretextos para as reações de Washington ao se tornar inflexível à mediação de França, Reino Unido e Alemanha para o abandono do processo de enriquecimento de urânio.
A Casa Branca alertou o Irã sobre o risco de seu caso ser levado ao Conselho de Segurança, onde sanções econômicas poderiam tê-lo mantido ainda mais isolado da comunidade internacional.
Bolton também disse ontem que "o problema é saber se a comunidade internacional aceitará que o Irã desobedeça os dispositivos do Tratado de Não-Proliferação". Disse ainda que aquele país estava "determinado a transportar [ogivas nucleares] por meio de mísseis balísticos que podem intimidar não apenas seus vizinhos regionais". Foi nesse ponto que o embaixador americano citou a possibilidade de armas atômicas serem entregues a grupos terroristas islâmicos.
Afirmou, por fim, que os EUA não pretendem permanecer no Iraque indefinidamente. Mesmo assim, "não são as dificuldades que encontramos no Iraque que nos deixarão de impedir que o Irã obtenha armas nucleares".


Com agências internacionais

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