São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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IRAQUE

Blix quer entrevistar técnicos

ONU exige de Bagdá nomes de cientistas

DA REDAÇÃO

As Nações Unidas aumentaram ontem a pressão sobre o Iraque para que o país apresente a lista dos cientistas ligados aos programas de armas. Pouco após a ONU e o governo dos EUA terem levantado dúvidas em relação a certos pontos da declaração do Iraque sobre seus programas militares, surgiu a informação de que o chefe dos inspetores de armas, o sueco Hans Blix, exigiu que Bagdá lhe forneça a lista completa dos pesquisadores que participaram de projetos de desenvolvimento de armas de destruição em massa.
"Blix escreveu para o embaixador do Iraque nas Nações Unidas, Mohammed al Duri, na quinta-feira, para pedir uma lista dos cientistas iraquianos ligados aos programas relativos a armas de destruição em massa", disse o porta-voz dos inspetores em Bagdá, Hiro Ueki. Em Nova York, o porta-voz de Blix, Ewen Buchanan, declarou à imprensa que os iraquianos têm duas semanas para entregar a lista.
A resolução 1441 do Conselho de Segurança concede aos inspetores da ONU o direito de interrogar cientistas no Iraque ou mesmo de levá-los ao exterior para que possam ser ouvidos.
Anteontem, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei, afirmou em Viena que os inspetores não hesitariam em convocar os cientistas iraquianos para entrevistas fora do país. Os EUA também já haviam afirmado que consideram necessária a saída de alguns pesquisadores do país para que se sintam seguros e possam falar livremente sobre os programas de armas.
El Baradei também afirmou que a AIEA ainda precisará de alguns meses para chegar a uma conclusão sobre a declaração de armas apresentada pelo Iraque.
Funcionários da ONU e do governo dos EUA disseram anteontem que uma análise preliminar das 12 mil páginas enviadas pelo Iraque há uma semana não relata todos os dados de seus programas de armas, ficando aquém do exigido pelo Conselho de Segurança.
Ontem, inspetores voltaram ao centro de doenças infecciosas onde já haviam estado para reexaminar salas que haviam selado na véspera. Um outro grupo voltou ao principal centro nuclear iraquiano, onde cerca de duas toneladas de urânio fracamente enriquecido estão estocadas.
Funcionários do governo iraquiano também afirmaram que inspetores visitaram um centro de preparação de mísseis Scud que, antes da Guerra do Golfo (1991), era usado para fabricar componentes de ogivas químicas.
O vice-premiê iraquiano, Tareq Aziz, afirmou, em Bagdá, que os EUA e Israel querem destruir os muçulmanos. "O imperialismo, representado pelo centro do mal, a América e seu aliado sionista, estão preparando uma agressão que terá como alvo a existência da comunidade islâmica e o seu futuro", disse Aziz, trajando um uniforme militar. "Os objetivos imediatos são o Iraque e a Palestina, mas o objetivo final é toda a comunidade islâmica", completou.

Seminário
Cerca de 350 representantes da oposição iraquiana iniciaram ontem em Londres um seminário sobre o futuro do Iraque "depois de Saddam Hussein".
Depois da leitura de versículos do Corão, o livro sagrado do islamismo, Hochiar Zabari, líder de um dos grupos de oposição, pediu um minuto de silêncio "pela liberdade no Iraque e no mundo".
A organização do encontro não foi fácil, pois rivalidades entre os diversos grupos levaram a sucessivos adiamentos.


Com agências internacionais

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