|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COLÔMBIA
Proposta de europeus prevê desmilitarização de área de 180 km2; em troca, guerrilha terrorista quer libertação de presos
Uribe aceita negociar com Farc por reféns
DA REDAÇÃO
O governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, aceitou
proposta de países europeus de
criar uma zona desmilitarizada
para negociar com as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia) a troca de reféns por
membros da guerrilha terrorista
de esquerda que estão presos.
Entre os 59 reféns estão a ex-presidenciável franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada
durante a campanha eleitoral em
2002, além de políticos, militares e
três americanos.
"Aceitamos a proposta, que implica uma concessão, porque não
fere a soberania nem põe em risco
nossos compatriotas", afirmou
Uribe, admitindo que a decisão
representa "uma mudança na atitude que temos tido tradicionalmente".
Em 2006, Uribe disputa a reeleição à Presidência da Colômbia,
sendo apontado pelas pesquisas
como favorito.
A proposta formulada por
França, Espanha e Suíça prevê
que não haja presença do Exército
colombiano ou das Farc numa
área de 180 km2, perto do município de Pradera, no departamento
de Valle del Cauca (sudoeste).
Essa área seria a base da negociação entre governo e guerrilha.
Para garantir a segurança das
duas partes, os três países se comprometeram a estar "presentes fisicamente" no local. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha
afirmou que aceita supervisionar
a troca dos reféns pelos presos.
Até ontem, as Farc não haviam
respondido à oferta do governo.
A guerrilha quer trocar cerca de
500 de seus membros que estão
presos pelos 59 reféns, mas exigiam uma área quatro vezes
maior do que a ofertada como
condição para a negociação.
O governo francês, a Igreja Católica e a família de Betancourt
instaram as Farc a aceitar a oferta.
"Agora a bola está no campo
das Farc, que devem entender que
o esforço feito pela comunidade
internacional e o governo colombiano merece uma resposta positiva", disse Fabrice Delloye, ex-marido da refém.
Para o analista Vicente Torrijos,
da Universidad del Rosario, o
anúncio coloca as Farc num "dilema". "A proposta não é do governo, mas da comunidade internacional. Se a aceitam, cedem a uma
estratégia eleitoral de Uribe. Se a
rejeitam, dão as costas à comunidade internacional. Mas é previsível que a resposta seja negativa",
afirmou.
Nesta sexta-feira, em Cuba, o
governo Uribe inicia um diálogo
com o ELN (Exército de Libertação Nacional), com a presença de
observadores europeus.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Chile: Bachelet acusa oposição de comprar apoio Próximo Texto: Ásia: Chineses ricos pagam para driblar controle estatal e ter mais filhos Índice
|