São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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COLÔMBIA

Proposta de europeus prevê desmilitarização de área de 180 km2; em troca, guerrilha terrorista quer libertação de presos

Uribe aceita negociar com Farc por reféns

DA REDAÇÃO

O governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, aceitou proposta de países europeus de criar uma zona desmilitarizada para negociar com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) a troca de reféns por membros da guerrilha terrorista de esquerda que estão presos.
Entre os 59 reféns estão a ex-presidenciável franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada durante a campanha eleitoral em 2002, além de políticos, militares e três americanos.
"Aceitamos a proposta, que implica uma concessão, porque não fere a soberania nem põe em risco nossos compatriotas", afirmou Uribe, admitindo que a decisão representa "uma mudança na atitude que temos tido tradicionalmente".
Em 2006, Uribe disputa a reeleição à Presidência da Colômbia, sendo apontado pelas pesquisas como favorito.
A proposta formulada por França, Espanha e Suíça prevê que não haja presença do Exército colombiano ou das Farc numa área de 180 km2, perto do município de Pradera, no departamento de Valle del Cauca (sudoeste).
Essa área seria a base da negociação entre governo e guerrilha. Para garantir a segurança das duas partes, os três países se comprometeram a estar "presentes fisicamente" no local. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha afirmou que aceita supervisionar a troca dos reféns pelos presos.
Até ontem, as Farc não haviam respondido à oferta do governo. A guerrilha quer trocar cerca de 500 de seus membros que estão presos pelos 59 reféns, mas exigiam uma área quatro vezes maior do que a ofertada como condição para a negociação.
O governo francês, a Igreja Católica e a família de Betancourt instaram as Farc a aceitar a oferta.
"Agora a bola está no campo das Farc, que devem entender que o esforço feito pela comunidade internacional e o governo colombiano merece uma resposta positiva", disse Fabrice Delloye, ex-marido da refém.
Para o analista Vicente Torrijos, da Universidad del Rosario, o anúncio coloca as Farc num "dilema". "A proposta não é do governo, mas da comunidade internacional. Se a aceitam, cedem a uma estratégia eleitoral de Uribe. Se a rejeitam, dão as costas à comunidade internacional. Mas é previsível que a resposta seja negativa", afirmou.
Nesta sexta-feira, em Cuba, o governo Uribe inicia um diálogo com o ELN (Exército de Libertação Nacional), com a presença de observadores europeus.


Com agências internacionais

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