São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

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"Não renovaremos trégua", diz Hamas

Para Khaled Meshaal, líder do grupo palestino no exílio, acordo que expira na próxima sexta foi violado por ação israelense

Na faixa de Gaza, evento em comemoração aos 21 anos do grupo reuniu centenas de milhares; Israel diz estar pronto para renovar trégua

DA REDAÇÃO

O líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, que vive na Síria, disse ontem a uma televisão sediada no Líbano que a trégua com Israel, em vigor desde junho, "provavelmente não será renovada" quando expirar, na sexta-feira. Na faixa de Gaza, o grupo radical palestino reuniu centenas de milhares de pessoas para a comemoração do seu aniversário de 21 anos.
"Levando-se em conta que o inimigo não respeita seus compromissos e mantém o assédio contra o nosso povo, a trégua acaba no dia 19 e não será renovada", disse Meshaal -que tratou do tema em encontro com o ex-presidente americano Jimmy Carter, em Damasco. O acordo foi obtido no dia 19 de junho, sob mediação do Egito, e previsto para durar seis meses.
No dia 5 de novembro, no entanto, um ataque aéreo preventivo de Israel na faixa de Gaza, para destruir um túnel supostamente construído pelo Hamas para seqüestrar soldados israelenses, gerou reação do grupo, que voltou a disparar foguetes para o território vizinho.
O Hamas, considerado terrorista pelo governo israelense -e pelos EUA-, controla a faixa de Gaza desde junho de 2007, quando expulsou do território o Fatah, do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, que governa a Cisjordânia.
No evento comemorativo ao aniversário do grupo -cujo público foi estimado em 300 mil pessoas-, o líder do Hamas em Gaza, premiê Ismail Haniyeh, acusou Israel de quebrar os termos da trégua ao não conter a violência e não amenizar o bloqueio econômico a que submete as 1,5 milhão de pessoas que vivem no território. "A avaliação [do acordo] é negativa".
A comemoração foi marcada também por ofensas aos rivais do Fatah e a Abbas e por referências pejorativas ao soldado israelense seqüestrado em junho de 2006 e mantido até hoje cativo pelo Hamas -tema extremamente sensível em Israel.
O porta-voz do governo israelense disse que "Israel está pronto para preservar os entendimentos negociados com o Egito (...), mas não unilateralmente". Oficialmente, o país não dialoga com o Hamas.
Israel disse ter enviado um representante do Ministério da Defesa ao Cairo para discutir com negociadores egípcios a prorrogação da trégua.
O governo israelense anunciou para hoje a adiada libertação unilateral de 227 prisioneiros palestinos, como um "gesto de boa vontade" com Abbas.
O Conselho de Segurança da ONU adotará hoje a primeira resolução sobre o conflito israelo-palestino em cinco anos, defendendo a busca pela solução que prevê dois Estados.

Com agências internacionais e o "Financial Times"


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