São Paulo, terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lobo lança "diálogo de reconciliação", mas sem zelaystas

Presidente eleito em Honduras disse que pode se reunir com líder deposto "onde quer que seja"

DA REDAÇÃO

O presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, lançou ontem com políticos, empresários, artistas e sindicalistas um diálogo de "reconciliação nacional" em Tegucigalpa.
Mas a agora fragilizada Frente de Resistência, de apoiadores do deposto Manuel Zelaya, anunciou que só se juntará ao esforço se o novo governo se comprometer a convocar uma Assembleia Constituinte.
Conservador do Partido Nacional, Lobo afirmou que está disposto a conversar com Zelaya "onde quer que seja", porque ele representa "a vontade de parte do povo hondurenho, que deve ser respeitada".
O eleito dedicou críticas tanto ao deposto como ao governo golpista. De Zelaya, cobrou respeito à decisão do Congresso, de 2 de dezembro, que rejeitou sua restituição ao cargo, argumentando que a votação fazia parte do acordo San José-Tegucigalpa, negociado sob auspícios dos EUA em outubro.
O deposto já havia rejeitado o pacto por considerar que foi rompido pelos golpistas.
Lobo atacou o governo golpista por impor condições à saída de Zelaya do país. "Falta que ajudem e facilitem."
Ontem, o presidente interino, Roberto Micheletti, voltou a dizer que o deposto só deixará o país na condição de "asilado político" -exigência que fez ruir o plano de Zelaya de deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está desde 21 de setembro, rumo ao México.
O deposto rejeita o status porque significaria, na prática, que ele não ostenta mais o cargo formal de presidente de Honduras até 27 de janeiro, quando termina seu mandato.
Na reunião de ontem, Porfirio Lobo voltou a propor anistia para todos os envolvidos no golpe de Estado de 28 de junho.
Para Zelaya, que é acusado em 18 ações na Justiça, ele defendeu a diferenciação entre processos ligados ao golpe e investigações de malversação de recursos públicos na sua gestão. "Se não há anistia, não há fim da conflitividade", disse.
Na campanha, Lobo chegou a acenar com a possibilidade de convocar uma Constituinte, mas ele tem evitado o tema. A tentativa de Zelaya de fazer um referendo para convocar uma Constituinte -interpretada pelos oposicionistas como ofensiva para aprovar a reeleição- foi o estopim do golpe.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Na Argentina, Valenzuela verá vice opositor
Próximo Texto: Cristina Kirchner é ameaçada durante voo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.